São Paulo, domingo, 18 de agosto de 2002

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EXPLOSÃO HORIZONTAL

Em cinco anos, número de condomínios de casas cresce 532% na Grande São Paulo

Paulistano recupera quintal, mas não se livra dos muros

MARLENE PERET
DO DATAFOLHA

PATRÍCIA TRUDES DA VEIGA
EDITORA DE SUPLEMENTOS

A garotinha Debby Lagranha, 10, não é a única paulistana que quer mudar-se para um condomínio de casas. São Paulo vive hoje uma explosão horizontal: nos últimos cinco anos, o crescimen- to do número de imóveis desse tipo foi de 520%, na capital, e de 575%, na região metropolitana.
Quem foi atrás de qualidade de vida e fugiu da violência urbana migrou para as vizinhas Barueri e Cotia (32 km e 33 km a oeste da capital), que juntas somam 49,4% das 5.267 casas em condomínio colocadas à venda de 1997 a 2001, revela estudo do Datafolha a partir de estatísticas da Amaral D'Ávila Engenharia de Avaliações.
Mas mudar-se da capital ainda é uma decisão que envolve alto risco de arrependimento. Que o diga o executivo Waldemar Jezler Filho, 47, que, por sete anos, enfrentou 200 km diários de estrada: "Queria qualidade de vida e segurança para a minha família". Neste ano, quando seu filho passou no vestibular, arrumou as malas e retornou. "Não faz sentido ele passar pelo que passei", justifica.
Na capital, muros altos agora cercam condomínios horizontais em 41 dos 96 distritos: até 97, eram encontrados em apenas dez. As construtoras elegeram o Morumbi, que lançou 188 casas em 19 empreendimentos; a classe média optou pelo Rio Pequeno, com 512 casas em 13 empreendimentos.
""Esses condomínios criaram um paradoxo: de um lado, favorecem as relações entre os moradores; do outro, criam áreas muradas, o que é perverso para cidades grandes, pois perde-se o contato intra-social", afirma Bruno Padovano, 51, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
""As pessoas estão buscando um ambiente de morar mais humanizado. É uma fuga da agressividade do mundo além dos muros", diz Doris Kowaltowski, coordenadora do curso de arquitetura da Universidade Estadual de Campinas.


Colaboraram Cássio Aoqui, Elenita Fogaça, Leila Araújo e Rosangela de Moura.


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