São Paulo, domingo, 19 de maio de 2002

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INTERIOR DE SP

Após 2 anos de estagnação, vendas chegam a 60 por mês; lançamentos diferenciados atraem classes mais altas

Paulistano volta a investir em loteamento

Fernando Moraes/Folha Imagem
O empresário Alexandre Delallo comprou um lote em Santa Isabel


CÁSSIO AOQUI
DA REPORTAGEM LOCAL

Após dois anos de estagnação, o mercado de loteamentos residenciais no interior de São Paulo está em plena efervescência. Imobiliárias consultadas pela Folha afirmam que a velocidade de vendas chega a 60 unidades por mês.
"Um dos motivos para essa ebulição é a nova roupagem dos lotes. Com diferenciais que vão de campo de golfe a centro hípico, o produto atrai classes mais altas", explica Paloma Ermógenes, 35, gerente da imobiliária Exclusiva.
No Estado de São Paulo, há hoje cerca de 400 mil lotes lançados por quase 200 empresas, calcula o presidente da Aielo (associação das empresas loteadoras), Roland Philipp Malimpensa, 55. Para ele, a demanda é explicada em função da violência nas grandes cidades.
O financiamento direto com as empresas também ajudou na disseminação dos lotes, avalia o representante dos construtores na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Sérgio Porto. "As exigências são bem menores que as dos bancos."
Outro fator que alavancou a venda de lotes foi a melhoria das estradas de acesso ao interior. "A privatização de rodovias como a Castelo Branco e a Bandeirantes favoreceu a procura, que tende a aumentar agora com o Rodoanel", diz Tomás Salles, diretor da imobiliária Lopes.

Perfil do comprador
A Abyara é outra imobiliária que voltou sua estratégia para os terrenos e já prepara, para o segundo semestre, o lançamento de lotes de alto padrão em Jundiaí (60 km de São Paulo).
"Sentimos que há um nicho de pessoas bastante interessadas em buscar condomínios em regiões próximas à capital, para resgatar a qualidade de vida inexistente nas grandes cidades", justifica o diretor Rogério Santos, 34.
Gonzalo Fernandez, 34, diretor da imobiliária Fernandez Mera, concorda: "Acabamos de vender 700 lotes em Itatiba, e 80% dos compradores eram paulistanos. A expectativa é expandir os lan- çamentos, aproveitando a retomada recente desse mercado".
De acordo com a analista da Bolsa de Imóveis, Carla Ponzio, 36, as crises econômicas vinham sendo o maior empecilho dos lotes, até o ano passado, pois afetavam, primeiramente, o segmento de lazer no mercado imobiliário.
"É bom lembrar que a maior demanda é por residência de lazer, e não para morar de imediato", ressalta Ponzio, que considera como perfil básico do comprador os "chefes de família com filhos".
É o caso do empresário Alexandre Tadeu Delallo, 38. "Comprei um lote, recentemente, pensando em meus dois filhos, por possuir uma boa área de lazer. E ainda espero uma valorização do terreno, que será beneficiado pela construção do Rodoanel", conta.


Colaborou Elenita Fogaça, free-lance para a Folha



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