São Paulo, domingo, 19 de maio de 2002

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INTERIOR DE SP

Mesmo com ressalvas, comprador busca proteção em terrenos

Especialistas desaprovam investimento como compra

DA REPORTAGEM LOCAL
E FREE-LANCE PARA A FOLHA

O aquecimento da demanda por lotes residenciais não se deve somente à compra de terrenos para a construção de um imóvel de lazer. A procura também é grande por pessoas que vêem no negócio uma boa opção de investimento.
"Com as incertezas em relação à eleição presidencial, muitos acabam investindo no segmento imobiliário como forma de proteger seus bens, pois temem confisco semelhante ao de 1990", afirma Marcelo Beraldo, 28, gerente da Sul América Investimentos.
O representante dos construtores na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Sérgio Porto, afirma que "há facilidades ao comprador que diminuem em até 30% o gasto com a construção de casas em lotes".
A margem de ganho, no entanto, acaba sofrendo com a valorização mais lenta desses imóveis. "Antes do Plano Real, comprava-se um terreno que, após um ano, era vendido com 100% de lucro. Hoje, a valorização não chega a 50%", comenta o diretor da Proinvest, Hélio Alterman.
Até mesmo quem trabalha com o mercado evita recomendar os lotes como forma de investimento: "É um imóvel sem alta liquidez, que não deve ser comprado para lucrar", sugere o diretor da Bamberg, Roberto Koverovas, 46.
Para Carla Ponzio, da Bolsa de Imóveis, há opções mais interessantes para quem quer investir em imóveis, como os fundos imobiliários e escritórios "triple A".
Em estudo recente da consultoria, divulgado com exclusividade pela Folha, verificou-se uma valorização média de 15% para lotes analisados durante três anos. "Mas não se pode esquecer que o comprador possui despesas como o IPTU. Só o condomínio mensal pode ter um valor de até R$ 800."
Beraldo, da Sul América, recomenda aplicações em fundos DI para investidores que não querem correr riscos. "Eles são seguros e rendem mais do que imóveis."
Mesmo com as ressalvas, para quem estiver disposto a investir nos lotes, a dica é comprar os próximos a grandes cidades. "A liquidez, nesse caso, é bem maior", garante Tomás Salles, da Lopes.
"Também é importante possuir um diferencial, como estar localizado em região preservada e tranquila", completa Wolmer Alves de Brito Jr., 39, diretor da incorporadora Ilha do Mel, que deve lançar, em junho, um loteamento cujo retorno estimado do valor investido é de três anos.
O empresário Reinaldo Imparato, 54, afirma ter pensado em tudo isso quando comprou, há quatro meses, um lote em Alphaville. "Paguei R$ 170 mil pelo terreno e investirei R$ 250 mil na construção. Porém, se for revender, não sairá por menos de R$ 700 mil."
(CA E EFo)



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