São Paulo, domingo, 19 de setembro de 2004

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SÃO PAULO EM ZONAS - CENTRO

Mesmo batendo recorde de crescimento, distritos somam apenas 59 lançamentos em cinco anos; 2003 foi o ápice do mercado

Região cresce 143%, mas incorpora pouco

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Uma área em transformação. Para a maioria dos especialistas entrevistados pela Folha, essa é a melhor definição para o centro de São Paulo, que, depois de sofrer intensa degradação, está sendo revitalizado. Estudo do Datafolha sobre a região confirma o renascimento: nos últimos cinco anos, o ritmo de lançamentos cresceu 143% na zona central.
Embora o índice de expansão seja recorde entre todas as regiões da cidade, o número absoluto de lançamentos no período ainda é muito pequeno, de apenas 59. É a última colocação no ranking liderado pela zona sul, com 474 prédios, seguida por oeste (353), leste (213) e norte (109).
Os sinais de transformação do centro apareceram principalmente em 2003, quando a região recebeu o recorde anual de 17 novos empreendimentos. "A tendência de crescimento do mercado imobiliário aqui é enorme", observa Marco Antonio de Almeida, 59, presidente-executivo da associação Viva o Centro.
Escassez de terrenos, entraves da legislação e falta de incentivo do poder público são algumas justificativas dadas por muitos incorporadores para a carência de lançamentos na região.
"O centro ainda não tem perfil residencial", afirma Gerson Luiz Bendilati, 46, diretor comercial da Tecnisa. "O trânsito de circulação é complicado, falta segurança e lazer. A prefeitura precisa investir na região", pondera. "Os incorporadores preferem outros bairros, que têm mais liquidez."
Em contrapartida, o centro é apontado como tentador por causa da infra-estrutura: tem boa rede de transporte coletivo e reúne 33 cinemas, 26 museus, dez parques públicos, 339 agências bancárias e inúmeros bares, restaurantes e cafés.
"Tem muita gente em busca de imóveis aqui no centro", afirma Almeida. Ele mesmo é um exemplo. Recentemente, trocou a região nobre dos Jardins para morar em um amplo apartamento na avenida São Luís, próximo à praça da República.

Há vagas
Ainda há muitos espaços vagos para verticalizar distritos centrais como Cambuci, Bela Vista e Santa Cecília. Essa é a conclusão da pesquisa de mestrado em engenharia urbana na Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) da arquiteta Valéria Cursinato Bomfim, 39. "A ocupação dos imóveis residenciais é maior que a dos prédios comerciais no centro. É um bom negócio para os incorporadores", avalia.
"As dificuldades de incorporar no centro vêm diminuindo", completa o presidente da Asbea (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura), Jorge Königsberger, 55. Segundo ele, há novos estímulos legais para verticalizar a região. "Nós, juntamente com a prefeitura e outras entidades, estamos nos empenhando para incrementar o mercado local de habitação." (ELENITA FOGAÇA)


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