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AUMENTO DOS JUROS
Insumos devem afetar lançamentos
Consultores admitem que preços elevados podem encarecer futuros empreendimentos
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A preocupação com juros se
justifica pelo aumento de taxas
em alguns bancos, mas quem
pretende comprar um apartamento na planta não deve temer inflação do valor dos imóveis, segundo especialistas.
"Essa alteração de juros de
alguns bancos não vai afetar os
preços dos imóveis, especialmente os dos lançamentos",
afirma Guilherme Ribeiro, diretor de seminovos da incorporadora Fernandez Mera.
Quanto aos empreendimentos novos, há um problema que
poderá encarecê-los a médio
prazo: a elevação dos preços de
materiais de construção, especialmente os de aço e cimento.
"Esses elementos setoriais
são os que devem impactar nos
preços dos lançamentos daqui
a dois ou três anos", prevê a
professora de finanças da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas)
Ana Maria Castelo.
José Crestana, presidente do
Secovi-SP (sindicato do setor),
também vê nesses aumentos a
principal fonte de encarecimento de futuros lançamentos.
"Cimento e aço exageraram
na subida de valores ao longo
dos últimos oito meses. Por isso estamos comprando em
cooperativas para conseguir
melhores preços", conta. "Temos tentado importar os produtos para não ter que repassar
esses custos ao consumidor."
Desistências
Mas o fato é que tem havido
desistências em transações, como diz Sílvio Gonçalves, da
consultoria imobiliária Catita.
"Como a crise acontece agora, muitas pessoas estão com
medo de não conseguirem pagar no futuro. É natural que o
comprador se retraia um pouco
nesse momento", pondera.
A empresária Ligiane Ferreira, 47, sentiu isso no bolso. Na
semana passada, um interessado em comprar seu apartamento desistiu por causa da crise.
"Ele achou que não era o melhor momento para investir em
um imóvel. Para mim, é um
bom investimento. Imóvel não
é como ação que cada dia vale
um tanto", ressalta.
O presidente do Creci-SP
(sindicato de corretores), José
Augusto Viana Neto, tem a
mesma opinião. "O imóvel é um
bem que não apresenta tanta
variação de valor. E, se bem
mantido e localizado, costuma
se valorizar mais do que a inflação", argumenta.
Esperar um mês foi a estratégia definida pelo recém-aposentado Daniel Mendes, 58. Ele
pensava em investir num imóvel o dinheiro que recebeu da
empresa da qual se desligou.
"Imóvel exige gastos de manutenção", reflete. "Vou esperar passar esse momento."
(MD)
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