São Paulo, domingo, 20 de outubro de 2002

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PLANO DIRETOR EM DEBATE

Degradação urbana e violência prejudicam a Sé; Liberdade busca aflorar vocação turística

No centro, revitalizar é questão de ordem

DA REDAÇÃO

Para qualificar os distritos da região central, entre os quais estão a Sé e a Liberdade, o que não falta são pontos a seu favor: infra-estrutura completa de água, luz, telefone, gás e fibra ótica; ampla oferta de transporte público; e presença dos principais centros comerciais do país, entre outros.
No entanto, mesmo com numerosos aspectos positivos, a região luta hoje contra a decadência. Considerados prioritários pelo Plano Diretor, esses distritos apostam agora todas as fichas no adensamento por meio da habitação, sobretudo a de baixa renda.
"Isso trará benefícios como a diminuição da violência e da degradação", diz Helena Menna Barreto, coordenadora do programa Morar no Centro da Sehab (Secretaria Municipal da Habitação).
Segundo a urbanista, uma parceria entre a prefeitura e a CEF (Caixa Econômica Federal) já concede crédito a taxas menores para habitação popular. Outra ferramenta é a implantação de perímetros de reabilitação integrada (PRIs), que são áreas destinadas a concentrar investimentos.
Na mesma proporção das facilidades, a região central possui obstáculos, como a manutenção.
"O centro já tem de tudo, com exceção de vagas de estacionamento", revela o diretor-executivo da Associação Viva o Centro, Marco Antonio Ramos de Almeida. Segundo ele, as maiores dificuldades são a degradação urbanística, como poluição visual, sujeira nas ruas, camelôs e violência.
O diretor da Asbea (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura) Carlos Faggin, 54, propõe revitalizar o centro usando o que ele já tem de melhor: "Deveria haver atrativos para que os frequentadores do mercado municipal explorassem o entorno".

"Chinatown" paulistana
O distrito da Liberdade, vizinho ao da Sé, enfrenta problemas parecidos. Além da degradação urbanística e da violência -à noite, os bairros ficam desertos-, possui um potencial de desenvolvimento ainda pouco explorado.
"É preciso incentivar o turismo regional, fortemente presente na Liberdade, como ao criar um roteiro de restaurantes orientais", sugere Regina Monteiro, do Movimento Defenda São Paulo.
O suplente de vereador na Câmara Municipal Aurélio Nomura (PSDB) propõe a transformação do bairro numa "chinatown" paulistana. "A idéia é construir um grande bulevar que integre a avenida da Liberdade e as ruas Galvão Bueno, da Glória e Conselheiro Furtado", diz.
Segundo ele, o bulevar poderia alavancar definitivamente a vocação turística da região. "O início da revitalização do distrito passa também pela mudança do terminal cerealista e pela redução da alíquota de alguns impostos, como o ISS [Imposto Sobre Serviços], a fim de incentivar empresas do distrito", defende.


Colaborou Nathalia Barboza, da Reportagem Local.



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