São Paulo, domingo, 23 de julho de 2006

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Invasão estrangeira

Renato Stockler/Folha Imagem
Terreno na zona sul, onde o grupo português Tiner contruirá unidades para a classe média


Investidores de Portugal e dos EUA fazem residenciais mais baratos para a classe média

EDSON VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Muitas vezes deixada de lado pelos incorporadores, que costumam priorizar o alto padrão, a classe média com orçamento mais apertado pode, enfim, comemorar. Além de mais crédito dos bancos, terá um leque maior e mais barato de opções de lançamento, anunciadas por investidores estrangeiros.
Até 2010, a cartada de grupos portugueses e norte-americanos no mercado paulistano atinge US$ 690 milhões (cerca de R$ 1,5 bilhão) e mira as classes média e médio-baixa.
De braços dados com empresas brasileiras do setor que abriram capital na Bolsa, prometem lançamentos que custarão de 1% a 3% menos.
Eles devem se multiplicar em distritos em desenvolvimento, como Vila Sônia (zona oeste), Sacomã, Ipiranga, Interlagos e Campo Grande (zona sul), e em outros que já têm imóveis para a classe média, como Vila Prudente e Tatuapé (zona leste).
"Essa faixa social será a aposta dos incorporadores para os próximos cinco anos", prevê Sandra Ralston, 45, presidente da consultoria Jones Lang LaSalle. "Faixas de renda mais altas estão bem supridas."
Ela estima que, só em 2006, R$ 1 bilhão foi injetado por investidores estrangeiros no mercado imobiliário brasileiro.
O CalPERS, fundo de pensão público dos Estados Unidos, é um deles. Fechou parceria com a Hines, que desenvolve projetos imobiliários, para aplicar US$ 200 milhões (R$ 440 milhões) na cidade de São Paulo.
"Todo esse montante já deverá ter sido investido até o final de 2006", calcula Steve Dolman, vice-presidente da Hines.

Bolso aliviado
Ao abrir o capital, as incorporadoras brasileiras aliviarão o bolso do comprador de imóvel. "Passam a captar fundos a um custo menor", compara Celso Amaral, sócio da Amaral d'Avila Engenharia de Avaliações. "E poderão baratear os produtos a médio prazo. Em dois anos, a mudança será notada."
Para o auditor de investimentos Bernd Rieger, "já há um efeito imediato de 1% a 3%" na redução dos preços.
Quem chega ao mercado brasileiro, atraído por baixa inflação e economia estável, escolhe o público-alvo pela crescente oferta de crédito imobiliário.
"Queremos fazer imóveis de até R$ 350 mil para as classes que financiam com os bancos", justifica Gustavo Felizzola, 28, gerente de relações com investidores da construtora Gafisa, hoje parceira da norte-americana Equity International.


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