São Paulo, domingo, 23 de julho de 2006

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INVASÃO ESTRANGEIRA

"Habitués" incrementam investimentos em São Paulo

Para minimizar risco, incorporadoras apostam em cidades do interior

DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento de investimentos em São Paulo não é exclusividade de quem chega a esse mercado pela primeira vez. Incorporadores já habituados a erguer imóveis na cidade também passam a intensificar seus gastos.
O grupo português Tiner, há oito anos no Brasil, está agora de olho no segmento dos imóveis mais baratos. A empresa divulgou que investirá US$ 440 milhões (R$ 967 milhões) no mercado imobiliário paulistano nos próximos quatro anos, construindo 8.741 unidades residenciais.
"Os empreendimentos que serão lançados neste ano voltam-se essencialmente para as classes média e médio-baixa", define o presidente do grupo, Antonio Marques Varela.
"Com a provável queda das taxas de juros, serão as mais impulsionadas para tomar empréstimos para comprar a casa própria", diagnostica.
A lógica para a escolha das regiões que abrigarão os lançamentos privilegia a acessibilidade. "São grandes áreas com boa estrutura viária e rede de transporte público eficaz", afirma Varela. Dois deles estarão em lotes gigantes (203 mil m2 e 153,7 mil m2) no distrito de Campo Grande (zona sul).
A Hines, no Brasil desde 1998 e agora turbinada pelo capital do fundo CalPERS, também vai focar as classes média e baixa, "com maior demanda que o alto padrão", diz Steve Dolman, vice-presidente.
A cidade de São Paulo não está na mira apenas de investidores além-fronteiras. Empresas nacionais de outros Estados também pretendem ampliar seus negócios na cidade, como a construtora mineira MRV, que almeja a classe média.
"Desde 2001, lançamos 1.679 unidades em São Paulo", conta Eduardo Barreto, vice-presidente comercial. "Só no segundo semestre de 2006, serão mais 1.800. É o momento de uma expansão mais agressiva, pela oferta de crédito."
Ele lembra que, há cerca de um ano, a própria construtora tinha de financiar metade das compras dos seus novos apartamentos. Hoje, os bancos respondem por 70% do crédito.
No quesito popularização dos lançamentos, a MRV rema contra a corrente. Em 2003, o valor médio de seus novos imóveis era de R$ 54 mil; hoje, passou a uma faixa de R$ 100 mil a R$ 120 mil, diz Barreto.

Aquecimento do interior
Nem todas as incorporadoras vêem o mercado paulistano como prioridade. As que estão na Bolsa e que já tinham a maioria de seus negócios na capital passam a pulverizar os investimentos em outras regiões.
"Diversificam aplicações para minimizar riscos e garantir a rentabilidade dos acionistas", raciocina o arquiteto Wilson Marchi, da EGC Arquitetura.
"Em cidades do interior do Estado de São Paulo [como Campinas, Araraquara, Bauru e Ribeirão Preto], fazem parcerias com empresas locais e facilitam a realização de negócios."
"Na capital, a concorrência está muito acirrada, é difícil negociar terrenos, e as margens de lucro ficam espremidas", concorda Sérgio Rossi, diretor de relações com investidores da Rossi, construtora em que 75% dos acionistas são estrangeiros.
"No interior paulista, negociamos permutas com os donos de terrenos e conseguimos margens maiores", compara.
A concentração de negócios da empresa na capital caiu de 70%, em 2004, para 65%, em 2005, e 55%, em 2006. (EV)

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