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INVASÃO ESTRANGEIRA
"Habitués" incrementam investimentos em São Paulo
Para minimizar risco, incorporadoras apostam em cidades do interior
DA REPORTAGEM LOCAL
O aumento de investimentos
em São Paulo não é exclusividade de quem chega a esse mercado pela primeira vez. Incorporadores já habituados a erguer
imóveis na cidade também passam a intensificar seus gastos.
O grupo português Tiner,
há oito anos no Brasil, está agora de olho no segmento dos
imóveis mais baratos. A empresa divulgou que investirá
US$ 440 milhões (R$ 967 milhões) no mercado imobiliário
paulistano nos próximos quatro anos, construindo 8.741
unidades residenciais.
"Os empreendimentos que
serão lançados neste ano voltam-se essencialmente para as
classes média e médio-baixa",
define o presidente do grupo,
Antonio Marques Varela.
"Com a provável queda das
taxas de juros, serão as mais
impulsionadas para tomar empréstimos para comprar a casa
própria", diagnostica.
A lógica para a escolha das regiões que abrigarão os lançamentos privilegia a acessibilidade. "São grandes áreas com
boa estrutura viária e rede de
transporte público eficaz", afirma Varela. Dois deles estarão
em lotes gigantes (203 mil m2 e
153,7 mil m2) no distrito de
Campo Grande (zona sul).
A Hines, no Brasil desde
1998 e agora turbinada pelo capital do fundo CalPERS, também vai focar as classes média
e baixa, "com maior demanda
que o alto padrão", diz Steve
Dolman, vice-presidente.
A cidade de São Paulo não está na mira apenas de investidores além-fronteiras. Empresas
nacionais de outros Estados
também pretendem ampliar
seus negócios na cidade, como
a construtora mineira MRV,
que almeja a classe média.
"Desde 2001, lançamos 1.679
unidades em São Paulo", conta
Eduardo Barreto, vice-presidente comercial. "Só no segundo semestre de 2006, serão
mais 1.800. É o momento de
uma expansão mais agressiva,
pela oferta de crédito."
Ele lembra que, há cerca de
um ano, a própria construtora
tinha de financiar metade das
compras dos seus novos apartamentos. Hoje, os bancos respondem por 70% do crédito.
No quesito popularização
dos lançamentos, a MRV rema
contra a corrente. Em 2003, o
valor médio de seus novos imóveis era de R$ 54 mil; hoje, passou a uma faixa de R$ 100 mil a
R$ 120 mil, diz Barreto.
Aquecimento do interior
Nem todas as incorporadoras
vêem o mercado paulistano como prioridade. As que estão na
Bolsa e que já tinham a maioria
de seus negócios na capital passam a pulverizar os investimentos em outras regiões.
"Diversificam aplicações para minimizar riscos e garantir a
rentabilidade dos acionistas",
raciocina o arquiteto Wilson
Marchi, da EGC Arquitetura.
"Em cidades do interior do
Estado de São Paulo [como
Campinas, Araraquara, Bauru e
Ribeirão Preto], fazem parcerias com empresas locais e facilitam a realização de negócios."
"Na capital, a concorrência
está muito acirrada, é difícil negociar terrenos, e as margens
de lucro ficam espremidas",
concorda Sérgio Rossi, diretor
de relações com investidores da
Rossi, construtora em que 75%
dos acionistas são estrangeiros.
"No interior paulista, negociamos permutas com os donos
de terrenos e conseguimos
margens maiores", compara.
A concentração de negócios
da empresa na capital caiu de
70%, em 2004, para 65%, em
2005, e 55%, em 2006.
(EV)
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