São Paulo, domingo, 24 de janeiro de 1999

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Critérios incluem o valor histórico

da Reportagem Local

O arquiteto Júlio Neves define os prédios marcantes como sendo aqueles que caracterizaram o desenvolvimento da arquitetura de São Paulo.
Assim, elege edifícios assinados por Vilanova Artigas e Rino Levi, representantes de um movimento marcado pelo uso do concreto e das colunas de sustentação, o modernismo.
Seus exemplos são, respectivamente, o Louveira e o Prudência, ambos em Higienópolis, região central da cidade.
"E o edifício Ester é um marco", resume, ao se referir ao projeto de Álvaro Vital Brasil.
Embora afirme que não existe uma arquitetura tipicamente paulistana, o arquiteto e professor Carlos Lemos aponta alguns destaques na paisagem de São Paulo.
"Muitas coisas que foram construídas aqui não foram construídas em outros lugares." Ele se refere à contribuição dos imigrantes. Seu exemplo é o Museu do Ipiranga -uma obra italiana.
Quando questionado sobre edifícios que marcam a cidade, ele cita o Copan -"isso do ponto de vista do transeunte"- e o Ester -nesse caso, pelo valor arquitetônico. "É uma obra-prima da arquitetura."
Já para Paulo Mendes da Rocha, o Copan é um marco da moradia moderna vertical paulistana.
"Em qualquer foto aérea de São Paulo, o Copan sai. Além disso, ele proporciona diversas opções de moradia", acrescenta o arquiteto Rui Ohtake.
Mendes da Rocha também cita uma obra sua, o edifício Guaimbê, quando se refere a projetos arquitetônicos de destaque da cidade. Isso pela importância que o prédio ganhou por ter sido um dos primeiros a usar o concreto armado aparente.
Já o arquiteto Carlos Conde, que hoje apresenta o programa "Jazz Concert", na Cultura FM, foi o único que ressaltou os prédios mais contemporâneos.
Depois do Louveira, ele elegeu o Porto Seguro, na Vila Nova Conceição (zona sudoeste), dos arquitetos Alberto Botti e Marc Rubin, de 1984.

Art nouveau
Residências do início do século foram a escolha do historiador Benedito Lima de Toledo. Os casarões, que hoje são as sedes da pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), na rua Maranhão, e do São Paulo Club, na avenida Higienópolis, ambos em Higienópolis, segundo ele marcam importante etapa da história.
"Apesar de as casas terem mudado de utilização, elas retratam claramente como foi feita a arquitetura art nouveau -composições inspiradas em flores e motivos vegetais- em São Paulo. E justamente por terem encontrado uma outra utilização é que conseguiram sobreviver", afirma.
Para a deputada federal Luiza Erundina, que foi prefeita de São Paulo entre 1989 e 1992, os poucos casarões que sobraram na avenida Paulista -como a Casa das Rosas, projetada em 1928 por Ramos de Azevedo (1851-1928)- são exemplos da arquitetura que ainda marca a cidade.



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