São Paulo, domingo, 24 de novembro de 2002

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PLANO DIRETOR EM DEBATE

Moradores discutem como preservar a qualidade de vida no distrito e na vizinhança

Alto de Pinheiros debate as zonas Z1

DA REPORTAGEM LOCAL

A preocupação geral dos moradores do arborizado Alto de Pinheiros é com o impacto provocado por investidas não só nas áreas Z1 (estritamente residenciais), mas ainda na vizinhança.
É o caso do aproveitamento da área da Ceagesp (companhia de armazéns de São Paulo), sob responsabilidade da Subprefeitura da Lapa. Ações no local devem impactar no distrito vizinho. A sugestão da Saap (Sociedade Amigos de Alto dos Pinheiros), então, é prever um parque linear no local que garanta áreas verdes.
Nos limites do distrito, onde estão bairros como Boaçava, Jardim Atibaia, Jardim dos Jacarandás e Vila Beatriz, a preocupação é mesmo com a preservação das Z1.
Delson Correia Lopes, 64, presidente da Saap, afirma que trata-se de um ponto indiscutível. Para a entidade, nenhum instrumento previsto no Plano Diretor Estratégico poderá fazer com que o coeficiente de aproveitamento básico nessas áreas seja ultrapassado.
O advogado Valter Gonçalves Pena, da Ambap (Associação de Moradores dos Bairros de Alto de Pinheiros), quer debater a verticalização e o adensamento dos bairros do distrito.
"Sete prédios altos e caros estão em construção por lá", diz. Para ele, o adensamento traz problemas de infra-estrutura. A proposta, explica, é garantir uma zona de interface entre a Z1 e o resto da cidade. "Temos de parar os novos projetos e evitar que os bairros virem uma espécie de Moema."

Bolsões
Já a discussão sobre os bolsões (áreas onde fica impedido o trânsito de passagem) promete mais polêmica. "Fechando as ruas do bairro, o trânsito vai todo para as áreas limítrofes", aponta Pena.
Já a Saap quer proibir o estacionamento nas ruas, mas admite discutir mudanças de uso dos terrenos que margeiam os eixos das avenidas Pedroso de Morais, Professor Fonseca Rodrigues e São Gualter, desde que mantidos os atuais padrões. "Sem isso, as intervenções engolirão o bairro", diz o urbanista Paulo Bastos, 66.
A pressão para que a avenida Pedroso de Morais torne-se comercial preocupa Henrique Cambiaghi, presidente da Asbea (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura). "O uso misto é melhor, pois o comercial requer estacionamento", explica.

Praça Panamericana
Pena aponta outro problema: "A praça Panamericana e suas travessas já sentem um tráfego mais pesado". Por isso a Saap pede que "sua destinação como área de centralidade [prevista no Plano Diretor] não amplie as áreas comerciais já permitidas".
E mais: a entidade reclama uma ponte sobre a marginal Pinheiros, na av. Escola Politécnica, o que, segundo ela, facilitaria a ligação até a rodovia Raposo Tavares.
"Vamos resolver os conflitos até onde der, pois somos nós que iremos subsidiar a prefeitura com idéias e argumentos para o Plano Regional, embora a decisão final caiba exclusivamente à prefeita", afirma Beatriz Pardi, 60, subprefeita de Pinheiros, responsável pelo distrito de Alto de Pinheiros.
(NATHALIA BARBOZA)


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