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SP 450
MERCADO
Ações do governo e da iniciativa privada tentam conter evasão na zona central, que perdeu 19% dos moradores na década
"Coração" da cidade perde força desde 91
EDSON VALENTE
MARLENE PERET
RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O centro de São Paulo andou na
contramão entre 1991 e 2000. Enquanto o número de habitantes
da cidade cresceu 8% no período
-passando de 9,6 milhões para
10,4 milhões-, nos distritos que
compõem a região central houve
queda média de 19% no número
de moradores. Para
inverter o fluxo, prefeitura, ONGs
e empresas entraram em ação.
Entre as causas apontadas por
especialistas para o esvaziamento,
figura o deslocamento do pólo financeiro da capital para a avenida
Paulista, na década de 70. "Em paralelo, o espaço público foi se deteriorando", explica Eloise Amado, 53, vice-presidente da Asbea
(Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura).
"E o acesso de carro se tornou
um caos, afugentando os escritórios", completa José D'Ávila Pompéia, 52, presidente da Bolsa de
Imóveis do Rio de Janeiro e estudioso do mercado paulistano.
Para atrair contingente populacional, prefeitura, governo do Estado, sociedade civil e bancos como a Caixa Econômica Federal
somam esforços na revitalização
da região. "Temos três perspectivas: abrigar quem trabalha na região, qualificar residências dos
que moram mal e atrair capital
privado", avalia Paulo Teixeira,
42, secretário da Habitação e Desenvolvimento Urbano.
Outro programa que envolve os
bairros centrais é o Ação Centro,
da prefeitura, que começou em
2001 e prevê investimentos de
US$ 168 milhões nos próximos
cinco anos. A iniciativa está engajada na restauração de 42 obras.
Volta às origens
Os resultados dos esforços começam a aparecer. Só no último
ano, 400 empresas se instalaram
no centro, segundo a Associação
Comercial de São Paulo.
Um dos novos escritórios "centrais" é o Ingá Arquitetura e Urbanismo, aberto há seis meses. "Temos um espaço arquitetônico
imenso e muita tranqüilidade para trabalhar", descreve o sócio
Bruno de Toledo Sivieri, 23.
"Não saberia viver em outro lugar", conta Elsa Margutti, ocupante, há 22 anos, de um dos amplos apartamentos do edifício São
Luís, na praça da República. O barulho não incomoda. "Durante o
dia, fecho as janelas. À noite e nos
fins de semana é tranqüilo."
Atualmente, Margutti preside a
Ação Local República 1, da Associação Viva o Centro, uma ONG
de recuperação da região.
"Tenho uma ligação muito afetiva com a praça da República",
conta ela, que namorou o então
futuro marido na praça e no cine
República, "que tinha a maior tela
de cinema de São Paulo". Hoje, virou estacionamento.
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