São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2004

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SP 450

MERCADO

Ações do governo e da iniciativa privada tentam conter evasão na zona central, que perdeu 19% dos moradores na década

"Coração" da cidade perde força desde 91

EDSON VALENTE
MARLENE PERET
RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O centro de São Paulo andou na contramão entre 1991 e 2000. Enquanto o número de habitantes da cidade cresceu 8% no período -passando de 9,6 milhões para 10,4 milhões-, nos distritos que compõem a região central houve queda média de 19% no número de moradores. Para inverter o fluxo, prefeitura, ONGs e empresas entraram em ação.
Entre as causas apontadas por especialistas para o esvaziamento, figura o deslocamento do pólo financeiro da capital para a avenida Paulista, na década de 70. "Em paralelo, o espaço público foi se deteriorando", explica Eloise Amado, 53, vice-presidente da Asbea (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura).
"E o acesso de carro se tornou um caos, afugentando os escritórios", completa José D'Ávila Pompéia, 52, presidente da Bolsa de Imóveis do Rio de Janeiro e estudioso do mercado paulistano.
Para atrair contingente populacional, prefeitura, governo do Estado, sociedade civil e bancos como a Caixa Econômica Federal somam esforços na revitalização da região. "Temos três perspectivas: abrigar quem trabalha na região, qualificar residências dos que moram mal e atrair capital privado", avalia Paulo Teixeira, 42, secretário da Habitação e Desenvolvimento Urbano.
Outro programa que envolve os bairros centrais é o Ação Centro, da prefeitura, que começou em 2001 e prevê investimentos de US$ 168 milhões nos próximos cinco anos. A iniciativa está engajada na restauração de 42 obras.

Volta às origens
Os resultados dos esforços começam a aparecer. Só no último ano, 400 empresas se instalaram no centro, segundo a Associação Comercial de São Paulo.
Um dos novos escritórios "centrais" é o Ingá Arquitetura e Urbanismo, aberto há seis meses. "Temos um espaço arquitetônico imenso e muita tranqüilidade para trabalhar", descreve o sócio Bruno de Toledo Sivieri, 23.
"Não saberia viver em outro lugar", conta Elsa Margutti, ocupante, há 22 anos, de um dos amplos apartamentos do edifício São Luís, na praça da República. O barulho não incomoda. "Durante o dia, fecho as janelas. À noite e nos fins de semana é tranqüilo."
Atualmente, Margutti preside a Ação Local República 1, da Associação Viva o Centro, uma ONG de recuperação da região.
"Tenho uma ligação muito afetiva com a praça da República", conta ela, que namorou o então futuro marido na praça e no cine República, "que tinha a maior tela de cinema de São Paulo". Hoje, virou estacionamento.



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