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VILA MARIANA NO TOPO
Moradores abraçam novos vizinhos, mas repelem edifícios
Casa Modernista e Cinemateca são bens tombados do distrito, e Instituto Biológico é opção de área verde
DA REPORTAGEM LOCAL
Os compradores de imóveis
novos ou usados na Vila Mariana dividem-se em dois grupos.
"São do próprio distrito ou
migrantes que chegam de
diversas regiões da capital paulista e alguns poucos vindos do
interior do Estado", define o
gerente comercial da Helbor
Empreendimentos Imobiliários, Marcelo Bonanata.
No dia-a-dia do distrito, a divisão de perfis dissolve-se na
boa convivência entre moradores antigos e recém-chegados.
Para morar mais perto do
trabalho, a publicitária Ivana
Zanna, 30, e seu marido, o administrador de empresas Roberto Morganti, 30, mudaram-se do Tatuapé (zona leste), onde cresceram, para um apartamento na Vila Mariana de três
dormitórios, 93 m2. "E varanda
para as minhas plantas", salienta Zanna.
Além da localização e da infra-estrutura do distrito, o clima dos moradores foi decisivo
na escolha. "Chegamos a olhar
apartamentos em Higienópolis
e nos Jardins, mas só na Vila
Mariana encontramos gente
com nível intelectual e cultural
igual ao nosso e que quer
prosperar trabalhando. Os moradores antigos são hospitaleiros", afirma a publicitária.
Na lista de vantagens, inclui
ainda o fato de a área não estar
saturada de prédios e de ser vizinha de uma unidade do Sesc
(Serviço Social do Comércio).
O único "porém", para ela, é
a distância da família. "Mas
sem trânsito, chegamos ao Tatuapé em 20 minutos", diz.
Cinqüentenário
Já para o comerciante Walter Taverna, 72, que nasceu na
região do Bexiga, na Bela Vista
(zona central), mas adotou a
Vila Mariana há mais de 50
anos, um ponto negativo do
distrito é a falta de segurança.
"Já roubaram dois carros na
porta da minha casa", conta.
Taverna é um dos fundadores da República de Vila Mariana, grupo de moradores do
distrito que têm o objetivo de
"fazer da região a mais bonita
de São Paulo", explica.
Uma das bandeiras de Taverna é a preservação do patrimônio histórico do distrito, que
tem três bens tombados: o Parque Modernista, a Cinemateca
e a Casa das Rosas.
Outro bem tombado, o
parque Ibirapuera -que se localiza no distrito vizinho de
Moema, apesar de ser usado como apelo nos anúncios de imóveis à venda na Vila Mariana-
não é a única área verde generosa da já arborizada região.
"Passei minha infância brincando no Instituto Biológico",
lembra a jornalista Denise
Delfim, 45, editora do jornal
local Pedaço da Vila, distribuído pelo distrito e disponível na
internet, no endereço
www.pedacodavila.com.br.
"A Vila Mariana é daqueles lugares em que as pessoas batem
papo quando se encontram na
padaria", descreve Delfim.
Segundo ela, um hábito local
é fazer festas para reunir os
moradores, como a que está
programada para março, dando
início às comemorações dos 80
anos do Instituto Biológico.
Verticalização
"A população da Vila Mariana é unida, reúne-se para festejar e para brigar também",
afirma a jornalista. Uma das
frentes de batalha, afirma, é a
oposição à verticalização.
"Ficamos protegidos até
a década de 70, quando a [avenida] 23 de Maio foi construída,
e a Vila Mariana ficou ao lado
do centro", afirma César Michel, da associação.
Segundo Michel, a infra-estrutura antiga do distrito pode
não suportar o aumento da demanda de mais moradores.
O arquiteto Fernando Vecchia, 49, supervisor de planejamento da Subprefeitura de Vila
Mariana, contra-argumenta:
"Isso não é verdade. Aqui tem
equipamentos de saúde, lazer,
educação, transporte, serviços
e saneamento que podem e devem ser aproveitados por mais
pessoas".
(DF)
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