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Terraço cresce e cobre lazer
Para vender varanda como área útil, incorporadoras
fecham mais as
áreas de recreação
EDSON VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
No chão, áreas de lazer ganham tantos anexos cobertos
-desde vastas academias até
"garage bands"- que parecem
clubes. No alto, os terraços ficam cada vez maiores, tão vastos quanto um apartamento.
Apesar da distância que os
separa, os dois têm uma relação
direta. A grandeza do living
suspenso depende da amplitude do espaço de lazer, e os dois,
juntos, valorizam o imóvel aos
olhos -e ao bolso- do cliente.
"Quanto maior a área comum coberta, maior o tamanho máximo do terraço", explica o arquiteto Wilson Marchi
Júnior, da EGC Arquitetura.
O tamanho do terraço pode
ser de até 10% da área projetada do lote, segundo o Código de
Obras e Edificações, de 1992.
Esse espaço inclui o tamanho
das lajes dos andares do prédio
mais os itens de lazer do térreo
que sejam cobertos.
"Por isso os incorporadores
têm preferido fazer piscina coberta em vez de descoberta",
argumenta Marchi Júnior.
"Além de itens como "LAN
house", "garage band" [espaço
para jovens tocarem], cozinha
gourmet e "pet care'", lista.
Bônus da prefeitura
Aumentar o terraço tem um
benefício econômico importante para o incorporador. A
varanda não é totalmente computada como área construída
na hora de calcular o quanto foi
edificado no terreno.
Sobre ela não incide o custo
da outorga onerosa, valor que o
incorporador paga à prefeitura
para construir além do que a
Lei do Zoneamento permite.
A outorga aumenta o custo
de cada metro quadrado construído, mas não tem esse efeito
sobre os metros quadrados do
terraço, pois ele não é computado como área útil do imóvel.
"A prefeitura dá esse "bônus",
e o terraço aumenta a área do
apartamento ao ser vendido
como mais uma área de estar e
de convívio da família", observa o arquiteto da EGC. Um
imóvel que tenha 400 m2 de
área útil e um terraço de 70 m2,
por exemplo, figura nas peças
de propaganda como um apartamento de 470 m2.
Para quem constrói, não é
caro encorpar a varanda. "Entre fazer um terraço pouco utilizável, de 1,20 m de profundidade, e um maior, de 3 m, o custo aumenta muito pouco", diz o
arquiteto Roberto Candusso,
sócio da Candusso Arquitetos.
Na outra ponta, o efeito dá
resultado. "A velocidade de
vendas aumenta, e o incorporador consegue um preço de venda melhor. O custo/benefício
vale a pena", explica Gilberto
Benevides, 54, diretor comercial da construtora Company.
"São itens de desejo dos
compradores que tivemos de
viabilizar economicamente",
reforça Antonio Ferreira, 34,
diretor de novos negócios da
incorporadora Gafisa.
Douglas Duarte, 41, diretor
comercial da construtora Tecnisa, defende que o terraço custa tanto quanto a sala para ser
construído. Reconhece, porém,
que o conceito de grande varanda partiu "mais dos incorporadores" que da demanda.
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