São Paulo, domingo, 25 de junho de 2006

Próximo Texto | Índice

Terraço cresce e cobre lazer

Para vender varanda como área útil, incorporadoras fecham mais as áreas de recreação

EDSON VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

No chão, áreas de lazer ganham tantos anexos cobertos -desde vastas academias até "garage bands"- que parecem clubes. No alto, os terraços ficam cada vez maiores, tão vastos quanto um apartamento.
Apesar da distância que os separa, os dois têm uma relação direta. A grandeza do living suspenso depende da amplitude do espaço de lazer, e os dois, juntos, valorizam o imóvel aos olhos -e ao bolso- do cliente.
"Quanto maior a área comum coberta, maior o tamanho máximo do terraço", explica o arquiteto Wilson Marchi Júnior, da EGC Arquitetura.
O tamanho do terraço pode ser de até 10% da área projetada do lote, segundo o Código de Obras e Edificações, de 1992. Esse espaço inclui o tamanho das lajes dos andares do prédio mais os itens de lazer do térreo que sejam cobertos.
"Por isso os incorporadores têm preferido fazer piscina coberta em vez de descoberta", argumenta Marchi Júnior. "Além de itens como "LAN house", "garage band" [espaço para jovens tocarem], cozinha gourmet e "pet care'", lista.

Bônus da prefeitura
Aumentar o terraço tem um benefício econômico importante para o incorporador. A varanda não é totalmente computada como área construída na hora de calcular o quanto foi edificado no terreno.
Sobre ela não incide o custo da outorga onerosa, valor que o incorporador paga à prefeitura para construir além do que a Lei do Zoneamento permite.
A outorga aumenta o custo de cada metro quadrado construído, mas não tem esse efeito sobre os metros quadrados do terraço, pois ele não é computado como área útil do imóvel.
"A prefeitura dá esse "bônus", e o terraço aumenta a área do apartamento ao ser vendido como mais uma área de estar e de convívio da família", observa o arquiteto da EGC. Um imóvel que tenha 400 m2 de área útil e um terraço de 70 m2, por exemplo, figura nas peças de propaganda como um apartamento de 470 m2.
Para quem constrói, não é caro encorpar a varanda. "Entre fazer um terraço pouco utilizável, de 1,20 m de profundidade, e um maior, de 3 m, o custo aumenta muito pouco", diz o arquiteto Roberto Candusso, sócio da Candusso Arquitetos.
Na outra ponta, o efeito dá resultado. "A velocidade de vendas aumenta, e o incorporador consegue um preço de venda melhor. O custo/benefício vale a pena", explica Gilberto Benevides, 54, diretor comercial da construtora Company.
"São itens de desejo dos compradores que tivemos de viabilizar economicamente", reforça Antonio Ferreira, 34, diretor de novos negócios da incorporadora Gafisa.
Douglas Duarte, 41, diretor comercial da construtora Tecnisa, defende que o terraço custa tanto quanto a sala para ser construído. Reconhece, porém, que o conceito de grande varanda partiu "mais dos incorporadores" que da demanda.


Próximo Texto: Ampliação do terraço muda até o desenho das salas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.