São Paulo, domingo, 28 de março de 2004

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Verdades e mentiras se confundem na escolha do andar e da face do apartamento

Especialistas esclarecem as principais dúvidas do consumidor


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FREE-LANCE PARA A FOLHA

O de face sul é frio e úmido; o de face norte tem boa insolação. O de primeiro andar é barulhento; o de último tem fissuras na parede. Verdades e mentiras se confundem na escolha do andar e da face do apartamento.
A insolação é o primeiro fator a ser analisado. "O sol é importante para higienizar os ambientes", explica Giovanni Palermo, 47, vice-diretor do Instituto de Engenharia. "Imóveis voltados para o sul são frios e úmidos. Dormitórios nessa posição são um equívoco."
Ele alerta ainda para o chamado "efeito sombra" na cidade de São Paulo. "Com o alto índice de verticalização, o apartamento, mesmo se for de face norte, pode ficar sem sol por causa de edifícios vizinhos." Por isso, analise o entorno.
No meio-termo, os imóveis de face leste recebem o sol da manhã, e os de oeste, o da tarde -neste caso, "os cômodos conservam o calor para o período da noite", lembra Rosio Baca Salcedo, professora de arquitetura da Unesp (Universidade Estadual Paulista).

Truque
Na falta de uma bússola ou em caso de desconfiança da informação do corretor ou do proprietário, Palermo ensina um truque para se orientar. "Aponte o braço direito para onde nasce o sol; lá será o leste. À sua frente estará, então, o norte e, às costas, o sul."
Muita gente vê desvantagens no primeiro andar que, na prática, nem sempre se confirmam. Como a do barulho proveniente da rua ou da área comum. "Não é dos piores", revela Eduardo Rottmann, do Instituto de Engenharia. "Os andares mais afetados são os intermediários, pelas características da propagação do som."
Outra possibilidade que assusta compradores de primeiro andar são problemas de entupimento das redes hidráulica e de esgoto. "O refluxo pode acontecer nos prédios mais antigos", diz Henrique Cambiaghi, 53, presidente da Asbea (associação de escritórios de arquitetura). "Mas, hoje, as construtoras têm o cuidado de criar uma saída de esgoto independente para esse andar."
No outro extremo do prédio, os temores envolvem sobretudo as infiltrações resultantes das chuvas. São reais, dizem os especialistas, mas a manutenção preventiva bem-feita pode minimizar seus efeitos. A impermeabilização, por exemplo, tem duração de cerca de oito anos e deve ser renovada.
"Fissuras resultantes da oscilação da parte alta do edifício podem ser evitadas com técnicas de assentamento de tijolos e de vedação", diz Paulo Corrêa, coordenador do Crea-SP (conselho de engenharia e arquitetura). Nesse caso, só confiando na construtora.
(EDSON VALENTE)


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