São Paulo, domingo, 28 de março de 2004

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Expectativas iniciais se confrontam com problemas rotineiros

Cotidiano desmitifica "lar perfeito"

Fernando Moraes/Folha Imagem
O empresário Charlô Whately vive à sombra de vizinhos maiores


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As vantagens e desvantagens de morar em extremos se revelam nas histórias do cotidiano. Os compradores buscam da segurança em caso de incêndio à praticidade quando acaba a energia elétrica. Ou fogem da sensação de sentir-se uma "sardinha em lata". Mas não escondem a decepção com baratas e infiltrações, que estragam o sonho do lar perfeito.

Se não fossem as baratas
A psicóloga Wilze Bruscato, 54, mora há 27 anos em um apartamento de primeiro andar em Moema (zona sul). "Ganhei de meu pai, que dizia ser mais seguro em caso de incêndio", conta. Ela diz quase só encontrar vantagens por estar perto do chão. "O prédio é bastante recuado em relação à rua, o que minimiza o barulho. Quando falta luz, subo de escada e ainda levo velas para os vizinhos que ficam embaixo. O apartamento é de face norte, bem saudável e iluminado, já que foi escolhido a dedo, e o jardim parece ser só meu", enumera. Perfeito, se não fosse por um inconveniente: "Na época de dedetização, as baratas se escondem na minha casa."

Menos "sardinha em lata"
"Não sofro com o barulho de cima e conto com uma bela vista, já que os prédios vizinhos são "baixinhos'", diz a advogada Ana Cristina Montenegro, 28, que vive no 15º andar de um edifício na região central. Mas ela reclama de infiltrações causadas pela chuva e pelo entupimento de calhas, mais do que compensadas, diz, pela "impressão de que tenho ar". "Sinto-me menos "sardinha em lata"."

Prático, mas escuro
Chegar à garagem do prédio e perceber que esqueceu alguma coisa no apartamento é um problema menor para quem vive no primeiro andar, diz Sérgio Resende de Barros, 63, professor de direito da USP. Ele mora em um edifício na Santa Cecília (região central). "Às vezes esqueço até a chave do carro. Vou, pego e volto em um minuto", calcula. A facilidade é percebida mesmo na hora da mudança: "Tenho armários grandes, que não sobem pelo elevador ou pela escada de serviço e têm de entrar por fora". Mas reconhece que a iluminação em seus cômodos está "em desvantagem" em relação à dos de unidades altas, que recebem mais luz solar.

Cobertura de brinquedo
A privacidade de Charlô Whately, 48, dono do bistrô que leva o seu nome, em sua cobertura nos Jardins (zona oeste), é relativa. "O prédio mais baixo da rua é o meu, por ser antigo, então todo mundo me vê. Mas o apartamento é charmoso, tem até lareira. Era uma sala de brinquedos que transformei." Mas a "estatura" tem vantagens. Quando houve um apagão, há três anos, Charlô teve de subir apenas seis lances de escada. (EV)


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