São Paulo, domingo, 29 de setembro de 2002

Próximo Texto | Índice

PLANO DIRETOR EM DEBATE

Comércio ilegal, trânsito acentuado e pressão imobiliária também preocupam moradores

Jardim Paulista quer continuar verde

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Continuar sendo, literalmente, um jardim paulista. Esse é o principal "desafio" dos moradores de um dos distritos mais arborizados de São Paulo, os Jardins, na zona oeste de São Paulo.
O tradicional reduto das classes média alta e alta, onde estão bairros como Cerqueira César, Jardim América, Jardim Paulista e Jardim Europa, elegeu a preservação do verde como ponto de partida para debater o plano regional.
"O adensamento mal planejado e a derrubada de árvores comprometem a permeabilidade do solo e o ciclo da água", diz Myrian Barcellos, da Sajep (associação de moradores). Segundo ela, o problema é agravado pela proximidade da bacia do rio Pinheiros.
Já a Samorcc (associação de moradores) quer implantar o projeto "Alamedas Verdes", no qual os próprios habitantes plantarão e cuidarão das árvores.
O som que mais se houve nas "matas" da região também está longe de ser o canto dos pássaros. A moradora Célia Smith, 42, chama a atenção para o barulho provocado por "estabelecimentos irregulares", sobretudo próximo à rua da Consolação. "Não se consegue dormir. Bares e boates desobedecem à Lei de Silêncio."
O urbanista Cândido Malta Filho, 65, preocupa-se com a circulação de veículos. "Queremos impedir que ruas como Sampaio Vidal e Canadá virem corredores de tráfego." Para tanto, ele cobra do plano regional um projeto de transportes eficaz, articulado ao de uso do solo e de habitação.
"A saída é desenvolver a malha de linhas de ônibus e a de metrô, e restringir a verticalização à capacidade de circulação", diz.

Gabriel Monteiro da Silva
Uma das maiores polêmicas no bairro diz respeito à ocupação da alameda Gabriel Monteiro da Silva por lojas irregulares. "Virou um chapadão de cimento", compara a advogada Patrizia Coelho.
Para ela, a definição de corredor de uso de serviços -e não comercial- não vem sendo respeitada: "As lojas têm showrooms e também vendem no mesmo espaço".
As construtoras também serão combatidas. Barcellos fala de uma "pressão imobiliária desenfreada" no distrito -condomínios horizontais em grandes lotes. "Trouxeram para cá a qualidade de vida das favelas, em que o morador abre a janela e surpreende o vizinho em trajes menores."
Para Claudio Bernardes, do Secovi-SP (sindicato das imobiliárias e construtoras), a qualidade de vida "é uma questão conjuntural" e não depende só do mercado imobiliário. "O plano de zoneamento discutirá o assunto."
(EDSON VALENTE)


Próximo Texto: Moradores e construtoras duelam na Vila Mariana
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.