São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2006

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CASA NO BOLSO

"Novo, bom e barato" foge dos bairros mais centrais

Butantã, Jabaquara e Penha têm ofertas na faixa de preço de R$ 100 mil

DA REPORTAGEM LOCAL

Regiões de mercado imobiliário emergente, como Butantã (zona oeste), Jabaquara (zona sul) e Penha (zona leste), e próximas a linhas do metrô e a grandes avenidas de acesso a regiões centrais da cidade.
Esse é o perfil da vizinhança disponível para o comprador de um imóvel novo na casa de R$ 100 mil. Porque, se ele quiser, por exemplo, um apartamento no mais valorizado Morumbi (zona oeste), com 64 m2 e dois quartos, terá de desembolsar 30% a mais (R$ 130 mil).
Imóveis de um ou de dois dormitórios, com área de 40 m2 a 60 m2, também custam mais caro em bairros mais centrais, como Santa Cecília, Higienópolis, Consolação, Paraíso (zona sul) ou Jardins (zona oeste).
Outra opção para baixar o preço é aumentar a distância para além do perímetro urbano, como Jacareí (75 km a leste de São Paulo), cujos imóveis têm mais área útil -cerca de 90 m2- por preço semelhante.
"Há quem prefira morar até em Campinas [95 km a noroeste da capital], em casas de condomínios fechados, e dirigir todo dia até São Paulo para trabalhar", conta Rafael Rossi.

Novo filão
Incorporadores afirmam que têm identificado aumento na demanda por imóveis de um ou de dois dormitórios, e algumas empresas começam a focar especialmente o nicho dos apartamentos mais baratos.
O gerente de marketing da Esser Incorporadora, Maurício Ribeiro, 43, revela dados de pesquisa realizada na Granja Julieta (zona sul), "onde 99% dos imóveis de um ou de dois quartos estão ocupados, e a demanda por eles é enorme".
"Como todos os lançamentos ali eram de três ou de quatro dormitórios, decidimos investir em algo diferente", conta.
"Apostamos nas classes média e médio-baixa", crava Antonio Varela, presidente do investidor português Grupo Tiner.
"Temos, na faixa dos R$ 100 mil, apartamentos com área de 70 m2 ou casas de 95 m2, em regiões como Interlagos [zona sul] ou mesmo ao longo da rodovia Anhangüera."
Outra que deverá investir nesse patamar de preço em 2007 é a construtora Cosil. "A grande demanda está aí", justifica o diretor Carlos José Silva.
No foco, bairros "mais periféricos" como Campo Limpo (zona sul) e Jabaquara.

Insuficiente
Mas o segmento "novo, bom e barato" ainda tem muito o que crescer, opina a gerente-geral de locação e vendas da imobiliária Lello, Roseli Gouveia Lopes, 44.
"Apesar de 70% do público comprador buscar imóveis baratos e de dois dormitórios, somente 35% dos lançamentos são para esse interesse", avalia.
"Esses empreendimentos são ainda economicamente inviáveis para grandes construtoras, que preferem lançar imóveis de alto padrão, de retorno maior e mais rápido", opina Lopes. Para Silva, da Cosil, "os terrenos custam caro, e os juros de financiamento ainda não são compatíveis com o poder de compra desse público".
Na Mooca (zona leste), o diretor de arte Leandro Pozza, 25, garimpou seu novo apartamento, "muito bem localizado e perto do metrô", que comprou em fase final de obra por R$ 115 mil (80% financiados).
"É pequeno, tem 50 m2 e dois quartos, mas não terei de gastar com reformas", argumenta.
O engenheiro Edgar Carrelli, 34, chegou a vasculhar apartamentos velhos, mas o valor da entrada exigida era maior (40% do total), além da necessidade de gastos com reforma.
"Compramos na planta, na Vila Matilde [zona leste], por R$ 108 mil. A vantagem foi ter pago prestações mais baixas na fase de construção." (GG)

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