São Paulo, domingo, 30 de maio de 2004

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CONSÓRCIOS

Sistema não exige renda mínima e tem adesão fácil, mas é problema se consorciado só ganhar a carta de crédito no fim do período

Plano favorece quem tem dinheiro à mão

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No meio-termo entre a rigorosa burocracia bancária e os altos preços dos financiamentos via incorporadora, o setor de consórcios cresceu 25% nos últimos 12 meses. Passou de 638 grupos em andamento em março de 2003 a 799 atuando em março de 2004, segundo o Banco Central.
Na modalidade, ganha o crédito mais rápido quem tem sorte (há um premiado por reunião da assembléia do consórcio) e quem tem um bom dinheiro reservado para dar lances -os mais altos também antecipam o empréstimo. Quem não se encaixa nesses parâmetros tem de esperar até o final do plano para receber.
"[O consórcio] é uma boa solução, mas a desvantagem é que o consorciado tem de pagar as prestações e o aluguel ao mesmo tempo. E não há rendimento para o dinheiro empregado, que poderia ser aplicado em investimentos", diz Sérgio Herrera, presidente da Abami (Associação de Advogados do Mercado Imobiliário).
O consórcio também não é um bom negócio para quem desistir no meio. O dinheiro pago só volta ao consorciado no fim do plano (o melhor é tentar vender a cota). Outro risco é o da falta de pagamento. A inadimplência dos integrantes afeta o grupo todo.

Como funciona
Regulamentado pelo Banco Central, o sistema prevê a constituição de um grupo de pessoas que formam uma poupança destinada à compra de imóveis.
Todos pagam uma mensalidade. O dinheiro contempla periodicamente os integrantes com um crédito, a ser usado na compra do bem indicado em contrato.
Para coordenar os grupos, a administradora cobra uma taxa, além de seguro (algumas oferecem seguro-desemprego) e do fundo de reserva.
A modalidade é a segunda menos onerosa do mercado, atrás do SFH. É ainda, no entanto, pouco conhecida do grande público. Para seduzir novos participantes, as empresas do setor criam promoções e facilidades especiais.
O consórcio Porto Seguro, por exemplo, pode ser contratado em 144 parcelas sem juros. Para cada grupo são contemplados um consorciado por sorteio e, em média, dois por lance. O participante pode usar até 30% do seu crédito, além do FGTS, para o lance.
Outra facilidade é o plano para quem paga aluguel: durante o período em que é inquilino, o consorciado tem sua mensalidade reduzida. A diferença é paga após a contemplação. O consórcio Batistella tem o plano Inquilino Nunca Mais, pelo qual o cliente começa pagando 50% da prestação.

Custo e benefício
O dinheiro pago ao consórcio é corrigido apenas por um índice de preço do mercado. Para quem pode separar uma porção mensal do salário para poupar, vale mais a pena investir em fundos.
Pensando na compra de um imóvel de R$ 150 mil, o professor William Eid Júnior, da FGV-Eaesp, faz a comparação. "O investidor obtém o valor em 99 meses em investimentos conservadores (com juros de 0,8% ao mês), contra 180 meses no consórcio. Economiza 81 meses no mercado financeiro, mas precisa ser disciplinado", explica.
Quem não tem essa virtude e prefere apostar num consórcio deve consultar a situação das administradoras no site do Banco Central (www.bcb.gov.br).


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