São Paulo, domingo, 30 de maio de 2004

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CAPITALIZAÇÃO

Chance de ser premiado é de no máximo 0,1%

FREE-LANCE PARA A FOLHA

A opção pelo título de capitalização, considerada uma "loteria" por especialistas, é recomendada ao pretendente a comprador de imóvel que não tem disciplina para poupar, não consegue crédito bancário ou não quer ficar à mercê da inadimplência alheia (como pode acontecer nos consórcios).
Ao que parece, há muita gente com esse perfil. Dados da Fenaseg (Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e Capitalização) apontam um crescimento no mercado de títulos de capitalização. Só no mês de março, as reservas do setor somaram R$ 8,5 bilhões, cifra 7,2% superior à do mesmo mês do ano passado.
Pelo sistema, o comprador paga uma mensalidade por um tempo determinado (no caso de imóveis, de 48 a 120 meses). Sobre parte do valor de cada pagamento e do saldo acumulado, é aplicada correção monetária (IGP-M) e juros, formando o valor de resgate (descontadas as despesas operacionais e de custo dos sorteios).
Há um período de carência (em geral, de 12 meses) para que seja possível resgatar o dinheiro. Se o resgate for feito antes, o cliente perde a chance de ser sorteado. Além disso, freqüentemente o valor resgatado é inferior ao total pago por causa dos descontos.

Sorteio disputado
A compra do título dá direito a sorteios pela Loteria Federal. As duas empresas atuando na área imobiliária hoje são a Sul América e a Valor Capitalização.
No caso da primeira, há oito oportunidades de sorteio no primeiro mês de participação, 16 no segundo, 24 no terceiro e 32 a partir do quarto mês. Isso significa 0,03% de chance (32 em 100 mil) de ser sorteado. A Valor oferece uma chance de sorteio por mês. A pessoa, porém, concorre com outras mil (a probabilidade de contemplação é de 0,1%).
Uma vez contemplado, o cliente da Sul América tem a opção de parar de pagar ou receber o valor do título e continuar pagando e concorrendo a novos sorteios.
No caso da Valor, ele pára de pagar e recebe a última mensalidade de volta, junto com o prêmio. Para voltar a concorrer, só comprando um novo título. Se o comprador não for um dos "sortudos", ao final do plano ele resgata o total pago, atualizado pela TR, e mais um bônus que varia de 2% a 10% do total, dependendo do tipo de plano. Nada garante, porém, que, após 120 meses, por exemplo, o imóvel desejado não tenha encarecido mais.
A Caixa Econômica Federal chegou a entrar nesse mercado com o título Casa Cap, mas cancelou o produto no final de 2003, alegando preferir investir em outras linhas de financiamento.
Para Rita Batista, presidente da Comissão de Capitalização da Fenaseg (Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e Capitalização), a capitalização é uma alternativa de poupança regrada com chance de sorteio. "Destina-se a uma fatia do mercado sem acesso aos financiamentos", pondera. O sistema é fiscalizado pela Susep (Superintendência de Seguros Privados). Informações: www.fenaseg.org.br.


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