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BAIRRO NOVO
Regiões próximas se beneficiam da melhora da infra-estrutura; valorização real do m2 chega a 22%
Projeto anima vizinhos da Barra Funda
NATHALIA BARBOZA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O projeto do Bairro Novo, primeira região planejada pela
prefeitura, ainda não saiu do papel, mas já começa a aquecer o
mercado imobiliário da região
da Barra Funda (zona oeste).
A nova paisagem do distrito será composta por edifícios baixos,
de até oito pavimentos, praças,
cafés, arenas para shows e bulevar. "Prédios de 40 andares com clube e segurança isolam as pessoas", argumenta o arquiteto Euclides de Oliveira, 58,
um dos autores do Bairro Novo.
A consolidação da área se dará
em dez anos e anima a vizinhança
de Perdizes, Lapa e Pompéia, que
tem lançado vigorosamente empreendimentos cada vez mais limítrofes à Barra Funda, margeando suas ruas sem invadi-las.
O distrito teve, por sua vez, apenas oito lançamentos desde 1995,
conforme contabiliza a Empresa
Brasileira de Estudos de Patrimônio. O mercado de novos registrou apenas um lançamento em
2000, outro em 2004 e parou nos
três anos seguintes, segundo a
consultoria imobiliária Amaral
d'Avila Engenharia de Avaliações.
Só na Pompéia, houve 26 novos
empreendimentos de 2000 a
agosto de 2004.
O Sistema Fácil, por exemplo,
lançou em 2000 o Maxim's, na
Pompéia, bem próximo ao Bairro
Novo. "O metro quadrado valia à
época R$ 1.700 [R$ 2.278, preço
corrigido pelo IPC-Fipe, o mais
comportado dos índices inflacionários no período]. Hoje, é vendido a R$ 2.400", afirma Eduardo
Gorayeb, diretor do sistema. A valorização real é de 9,5%.
Ele considera a Barra Funda estratégica. "Se as interferências
acontecerem, as pessoas passarão
a ter desejo de ir para lá." Isso só
não acontece hoje, dizem os incorporadores, porque a ferrovia e
o viaduto Pompéia "escondem" a
região, comprimida também pela
marginal Tietê.
Para Gonzalo Fernandez, diretor da imobiliária Fernandez Mera, vencedora do Prêmio Folha
Qualidade Imobiliária 2004, criadas as condições, a tendência é
crescer rapidamente, pois o bairro possui terrenos grandes, o que
atrai os incorporadores.
Eduardo Zaidan, vice-presidente do Sinduscon-SP (sindicato das
construtoras), considera inevitável o resgate da região, inserida
num espaço de boa infra-estrutura urbana. "Tem tudo para ser um
sucesso imobiliário", avalia.
Valorização
As melhorias feitas nos últimos
cinco anos já valorizaram os terrenos, diz Roberto Gerab, 50, diretor da incorporadora Kallas, segunda no ranking de lançamentos no Prêmio Folha Qualidade
Imobiliária 2004. "Em 2000, o metro quadrado custava R$ 150; hoje, não sai por menos de R$ 750."
A incorporadora Klabin Segall
vislumbrou o início da transformação em 2000, quando lançou o
condomínio Cores da Barra. Os
apartamentos, de 93 m2, custavam
R$ 134 mil (valor corrigido pelo
IPC-Fipe). Hoje, calcula Marcela
Carvalhal, gerente de marketing
da Klabin Segall, a unidade pronta
é vendida a R$ 170 mil -valorização de 22% sobre a inflação acumulada no período. "Se o Bairro
Novo der certo, os preços praticados na região subirão até a
R$ 2.600", afirma Gerab.
"Ainda há espaço para valorização", confirma Carvalhal, que
prepara mais um lançamento para 2005 e já olha para a Freguesia
do Ó, que "deve se beneficiar da
melhora do outro lado do Tietê".
Gorayeb, do Sistema Fácil, acha
que parte do ganho possível na região já tenha acontecido e que não
haverá explosão de preços.
"A avenida Marquês de São Vicente será o próximo corredor comercial de São Paulo", aposta
João d'Avila, sócio da Amaral
d'Avila. Ele acha que, como bairro
residencial, a Barra Funda demorará a fazer frente aos distritos vizinhos, "como ocorreu no Morumbi por anos".
"Teremos a oportunidade de
experimentar outro modelo de cidade", opina Paulo Sophia, 48,
presidente do IAB-SP (Instituto
de Arquitetos do Brasil).
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