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reportagem de capa
Empresas garimpam opinião da internet
PESQUISA >> Programas investigam blogs e redes sociais para tentar decifrar o que pensam os internautas sobre companhias e produtos
ALEX WRIGHT
DO "NEW YORK TIMES"
A ascensão dos blogs e das redes sociais impulsionou uma
alta no mercado de opiniões
pessoais: resenhas, classificações, recomendações e outras
formas de expressão on-line.
Para os cientistas da computação, essa montanha cada vez
maior de dados está abrindo
uma janela tentadora para decifrar a consciência coletiva dos
usuários de internet.
Uma área emergente conhecida como análise de sentimentos está se desenvolvendo em
torno de uma das fronteiras
inexploradas do mundo da
computação: traduzir as particularidades da emoção humana em dados quantitativos.
Isso é mais do que um exercício interessante de programação. Para muitas empresas, a
opinião on-line transformou-se em um tipo de moeda virtual
capaz de definir o sucesso ou o
fracasso de um produto.
As ferramentas de análise de
sentimentos estão se tornando
capazes de ajudar as empresas
não apenas a melhorar a sua lucratividade mas também a mudar o modo como se buscam informações on-line.
O Scout Labs, que conta com
o financiamento do fundo de
capital de risco criado por Halsey Minor, fundador da Cnet,
introduziu recentemente um
serviço por assinatura que permite aos seus clientes monitorar blogs, artigos jornalísticos,
fóruns on-line e redes sociais a
fim de determinar tendências
de opinião sobre produtos, serviços ou assuntos veiculados
nos jornais.
No início de maio, o Stub-
Hub, um serviço on-line de
venda e compra de ingressos,
usou a ferramenta de monitoramento do Scout Labs para
identificar o aumento súbito de
um sentimento negativo que
surgiu nos blogs após uma chuva ter provocado o adiamento
de uma partida de beisebol do
Yankees contra o Red Sox.
Funcionários do estádio informaram erroneamente a
centenas de fãs sobre o cancelamento do jogo, e o StubHub negou os pedidos de reembolso
sob a alegação de que o jogo havia ocorrido. Mas, depois de localizar on-line o começo de
uma tendência de sentimento
negativo, a empresa passou a
oferecer descontos e créditos
para os fãs prejudicados. E a
empresa está reavaliando as
suas normas sobre eventos
cancelados por causa do clima.
"O serviço funciona para nós
como um primeiro alerta de perigo", disse John Whelan, diretor da área de atendimento ao
consumidor do StubHub.
Com intenções semelhantes,
o jornal "Financial Times" passou a usar recentemente o
Newssift, um programa experimental que rastreia os sentimentos acerca de assuntos empresariais que surjam nas notícias. Ele vem acoplado a um
serviço especializado de busca
capaz de organizar as pesquisas
dos usuários por tópico, instituição, local, pessoa e tema.
Ferramentas como essas poderiam ajudar as empresas a
identificar o efeito de questões
específicas sobre o comportamento dos consumidores, o
que os ajudaria a responder
com estratégias apropriadas de
marketing e relações públicas.
Mas traduzir a parte escorregadia da linguagem humana
para valores binários será sempre uma ciência inexata. "Os
sentimentos são bem diferentes dos fatos convencionais",
disse Seth Grimes, fundador da
empresa de consultoria Alta
Plana, nos arredores de Maryland. Ele aponta para os vários
fatores culturais e as nuances
linguísticas que dificultam a
transformação de uma sequência de texto escrito em uma
simples classificação de sentimento favorável ou contrário a
algo. "A expressão "um pecado"
pode ser uma expressão positiva, se fizer referência a um bolo
de chocolate", disse ele.
À medida que as ferramentas
começarem a incorporar cada
vez mais dados aos seus resultados, a distinção entre fato e
opinião pode começar a desaparecer, a ponto de "os fatos todos virem acompanhados de
pontos de vista", como disse
David Byrne em uma música.
Tradução de
FABIANO FLEURY DE SOUZA CAMPOS
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