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reportagem de capa
EUA estudam ações contra ciberataques
GUERRA DIGITAL Simulações feitas no Pentágono mostram que país ainda não está preparado para combates internéticos
DO "THE NEW YORK TIMES"
Em uma segunda-feira do
início de janeiro, os principais
líderes do Pentágono se reuniram a fim de simular como responderiam a um ciberataque
sofisticado que tivesse a finalidade de paralisar as redes de
energia norte-americanas, seus
sistemas de comunicação ou
suas redes financeiras.
Os resultados foram desanimadores, e o inimigo teve todos
os tipos de vantagem, como sigilo, anonimato e imprevisibilidade. Ninguém foi capaz de localizar o país do qual o ataque
foi lançado. Não houve nenhuma forma eficiente de desencorajar, por meio de ameaças de
retaliação, futuros ataques.
Os comandantes militares
perceberam também que lhes
faltava autoridade legal para
responder. Especialmente porque nunca tinham certeza sobre se o ataque era um ato de
vandalismo, uma tentativa de
roubo comercial ou uma ação
patrocinada por algum Estado
a fim de prejudicar os EUA, talvez como um prelúdio para
uma guerra convencional.
Ataque real
O que alguns participantes
da simulação sabiam, e outros
não, era que uma versão do pesadelo deles tinha acabado de
acontecer na vida real, não no
Pentágono, onde estavam reunidos, mas nas salas de operação de guerra muito menos formais do Google.
Computadores do Google e
de mais outras 30 empresas haviam sido invadidos, e os engenheiros do Google localizaram
a origem do ataque em sete servidores em Taiwan, com rastros na China. Os rastros desapareceram, deixando uma nuvem de negações por parte do
governo chinês e, depois, uma
troca de graves acusações entre
Washington e Pequim.
Isso demonstra a rapidez
com que as batalhas cibernéticas envolvendo os EUA têm ultrapassado a corrida para encontrar uma forma de dissuasão, algo equivalente à estratégia do período da Guerra Fria,
quando as ameaças eram de retaliação nuclear.
Apesar dos milhões de dólares gastos em estudos, essa busca não tem tido sucesso. Mas o
governo dos EUA avisa que os
ciberataques não passarão em
brancas nuvens.
"Estados, terroristas e seus
representantes devem saber
que vamos proteger nossas redes de comunicação", disse Hillary Clinton, secretária de Estado norte-americana.
E acrescentou: "Aqueles que
impedem o livre tráfego de informações em nossa sociedade
ou em qualquer outra representam um risco à nossa economia, ao nosso governo e à nossa
sociedade civil".
Hillary não disse como os
EUA responderiam a essas
ameaças. Limitou-se a sugerir
que países que conscientemente permitem ciberataques teriam suas reputações danificadas e poderiam ser excluídos da
economia global.
Resposta militar
Setores do governo, porém,
analisam respostas que vão
além da via diplomática, de
processos penais ou da retaliação econômica.
Dentro da Agência de Segurança Nacional norte-americana, que secretamente investiga
redes de computadores de outros países, funcionários têm
debatido se a evidência de um
ciberataque iminente contra os
EUA seria capaz de justificar
um ciberataque preventivo
-algo que precisaria da autorização do presidente.
Em um caso extremo, como
no de provas de que um adversário está prestes a lançar um
ataque com o objetivo de desativar estações de energia existentes em toda a América do
Norte, alguns funcionários defendem que a resposta certa
talvez seja um ataque militar.
"Nós estamos agora na fase
que nos encontrávamos no início da década de 1950, depois
que os soviéticos passaram a
ter a bomba atômica", disse Joseph Nye, professor da Escola
Kennedy, em Harvard. "Isso
não terá a mesma proporção
que uma dissuasão nuclear,
mas o que a secretária Hillary
fez foi começar a explicar que
nós podemos impor alguns custos altos aos agressores."
Tradução de FABIANO FLEURY DE SOUZA CAMPOS
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