São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2008

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Best-sellers também chegam à internet

MERCADO >> Random House vai disponibilizar 15 mil títulos em formato digital; Paulo Coelho compara editores a monges

DANIELA ARRAIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O professor de idiomas Giuliano Reali, 30, começou a ler livros digitais quando o escritor Stephen King lançou "Riding the Bullet", em 2000. Logo depois, quis ler um título que não existia no Brasil e acabou adquirindo a versão eletrônica em um site. Desde que comprou um smartphone, ler e-books se tornou tão comum quanto usar o e-mail ou consultar o GPS.
No dia-a-dia de Reali e de inúmeros leitores, os e-books já são realidade. O mercado editorial busca soluções para atender a esse tipo de leitor, que forma um contingente que vem ganhando expressão, segundo dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, encomendada pelo Instituto Pró-Livro ao Ibope: 3% (ou 4,6 milhões de pessoas) do universo estudado, que equivale a 92% da população brasileira, lêem livros digitais e 2% (ou 2,9 milhões) usam audiolivros.
No universo de leitores, que corresponde a 95 milhões de pessoas, 7% (ou 7 milhões) baixam livros gratuitamente da internet, segundo a pesquisa.
Editoras investem em catálogos digitais. A inglesa Random House (www.randomhouse.com) anunciou na semana passada que está disponibilizando milhares de livros nesse formato -já existem 8.000 títulos e a idéia é chegar a 15 mil, segundo a Associated Press.
No Brasil, a Lex Editora (www.lex.com.br) tem obras digitalizadas sobre legislação. A partir de uma assinatura, que custa entra R$ 420 e R$ 2.000, a editora permite acesso ao conteúdo, que pode ser lido por celular ou PDA.

Vantagens
Para Reali, a principal vantagem dos e-books é a mobilidade. "Não acho nem um pouco cansativo. Acho até mais fácil de segurar um smartphone do que um livro aberto. A iluminação passa a ser secundária, você pode até mesmo ler no escuro, pois a tela do telefone basta."
No entanto, ele acha que a tecnologia ainda tem muito a crescer no Brasil. "O brasileiro é muito impermeável ao uso de conveniências eletrônicas. As pessoas te olham como um ET ou um nerd quando te vêem lendo um e-book ou usando a função GPS no seu celular, quando, na verdade, você está apenas dando um passo para tornar a sua vida mais prática."

Mago
Para o best-seller Paulo Coelho, editores são tão ruins quanto os monges copistas que lamentavam a chegada dos livros impressos no século 16 -ele declarou isso na Feira de Frankfurt, em outubro.
Para o mago -que disponibiliza seus livros em www.piratecoelho.wordpress.com-, há uma falta de entendimento sobre a internet fazer parte da indústria. "Em vez de olharem a nova mídia como uma oportunidade de criar novas formas de promoção, editores se concentram em criar microssites, que são completamente fora de moda, e alguns se queixam dos "infortúnios" das outras indústrias culturais, percebendo a internet como inimiga", disse.


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