São Paulo, quarta-feira, 04 de março de 2009

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Portabilidade nos EUA existe desde 2004

BRUNO ROMANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE BERKELEY

Nos EUA, a portabilidade de números foi adotada na tentativa de conter uma crise no sistema telefônico do país. A maior potência do mundo estava ameaçada de não ter números de telefone para todos em seu território.
O crescimento rápido das telecomunicações no final dos anos 90 gerou um alto consumo de números que assustou governo e indústria. A fome por números ficava evidente com a criação de novos códigos de área. Dados do FCC, órgão governamental que rege as telecomunicações nos EUA, mostram que entre 1984 e 1994 foram criados dezoito novos códigos no país. Entre 1996 e 2001, surgiram 123 novos códigos.
Na Califórnia, estado mais populoso do país, entre 1947 e 1992 existiam apenas treze códigos de área. O número atual é vinte oito.
O surgimento de novos códigos é um indício do esgotamento dos números pertencentes aos códigos existentes. E os códigos, que nos EUA possuem três dígitos, também poderiam se esgotar.
No início dos anos 2000, setores da indústria previam que os códigos seriam todos consumidos entre 2006 e 2016. Um membro do FCC disse na época que a questão dos números telefônicos era um "pesadelo".
Além das pessoas que começaram a usar mais linhas de telefone, as empresas de telefonia passaram a ser criticadas pela maneira como utilizavam esses números ao recebê-los do FCC. Para o órgão, as empresas "jogavam fora" muitos números antes de disponibilizarem aos usuários. Membros do FCC e da imprensa especializada falavam em cobrar as companhias pelos números fornecidos a elas.
A agência, no entanto, buscou outras soluções. Foram determinadas regras mais rígidas para a alocação dos números e a portabilidade foi implantada como ferramenta que não apenas conservaria números, mas que também traria mais competitividade ao mercado e opções aos usuários. A portabilidade entrou em vigor em todo território americano no dia 24 de maio de 2004.
Em seu primeiro ano em vigor, apenas 8,5 de 30 milhões usuários esperados fizeram uso da portabilidade de seus números. Porém, a medida parece ter aliviado o sistema telefônico do país.
Documento do FCC mostra que, até o fim de 2007, dos 1,3 bilhões de números fornecidos pelo órgão às empresas de telefonia, 639 milhões (49,1%) estavam em posse dos usuários. Outros 630 milhões se encontram com as companhias telefônicas à disposição dos usuários.
Até março de 2008, 105 milhões de números já existentes foram levados por usuários para suas novas operadoras. E o número pode ser ainda maior, pois o FCC não conta números que foram levados para outras operadoras mais de uma vez. Se um usuário mudou de operadora "A" para "B" e de "B" para "C", apenas a segunda operação é contabilizada.
Assim, o surgimento de novos códigos de área caiu. A Califórnia, por exemplo, viu surgir apenas três novos códigos de área desde 2004.
Agora, as previsões da indústria agora são de que os números não sejam todos consumidos até 2035. Feliz com as medidas do FCC, um alto membro da CTIA, principal associação da indústria wireless americana, teria dito em 2002 em um fórum sobre o tema que a crise dos números estaria "resolvida" e que agora ela passaria ser um "problema de uma outra geração", não da "nossa".


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