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São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2003

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SUPERCOMPUTAÇÃO

Interligadas, máquinas espalhadas em todo o planeta fazem cálculos complexos em tempo recorde

Internet une PCs para projetos científicos

FERNANDO BADÔ
FREE-LANCE PARA A FOLHA

No filme "Contato", de Robert Zemeckis, um grupo de cientistas analisa sinais captados por satélites em busca de vida alienígena. Para realizar essa tarefa, que exige imensa quantidade de cálculos, aproveita-se a capacidade de processamento de diversos micros de voluntários de todo o mundo.
Ficção? Nem tanto. A idéia de um supercomputador formado por máquinas conectadas em qualquer ponto do planeta é bem concreta. Projetos dessa envergadura somam a capacidade de processamento e armazenamento de milhões de computadores domésticos, via internet.
Unidas, as máquinas se tornariam o mais potente equipamento que já existiu na face da Terra, capaz de realizar, num período relativamente curto, tarefas que levariam tempo demais até mesmo nas máquinas mais rápidas da atualidade (leia texto abaixo).
A intenção é fazer com que cada internauta possa usufruir dessa potência a partir do seu próprio micro. Mas isso, claro, está longe da realidade.
Aplicações desse tipo de sistema, conhecido hoje como computação em grade, ainda estão engatinhando, já que contam com relativamente poucos micros conectados. Mesmo assim, vão desde o entretenimento até projetos científicos, como a procura de possíveis curas para o câncer, busca por inteligência extraterrestre e pesquisa matemática.
Um exemplo é o Gimps, sigla em inglês para Grande Busca Mersenne de Números Primos (www.mersenne.org), que, desde 1996, já conseguiu descobrir 39 novos números primos.
O maior deles tem mais de 4 milhões de dígitos. Essa cifra foi descoberta no PC do americano Michael Cameron, em novembro de 2001, após 45 dias de cálculos. Na soma total do tempo utilizado pelo compartilhamento de dados, o Gimps gastou o equivalente a 13 mil anos.
Viabilizar o tempo de execução de pesquisas científicas é o principal foco dos sistemas distribuídos. Um dos projetos mais conhecidos, o SETI@home (setiathome.berkeley.edu), destinado a buscar vida inteligente fora da Terra, analisa sinais captados por radiotelescópios. O projeto já usou o equivalente a 800 mil anos de pesquisa.
O departamento de química da Universidade Stanford, nos EUA, organiza o Projeto Folding (folding.stanford.edu), destinado a simular a dinâmica molecular de proteínas. A busca por uma cura para o câncer é o objetivo de um projeto de computação distribuída organizado em conjunto pela Intel e pela United Devices (www.grid.org/projects/cancer).
Uma opção mais simples para participar de um sistema distribuído é o Google Compute, que pode ser ativado pela barra de ferramentas do Google previamente instalada no micro.

Como habilitar
Para instalar essa barra, digite toolbar.google.com e siga as indicações para acoplar a barra de buscas ao navegador Internet Explorer. Findo o procedimento, clique em Exibir e Barra de Ferramentas e habilite o item Google.
Em seguida, entre no endereço toolbar.google.com/dc, certifique-se de que seu computador atenda às exigências listadas na página, mande um e-mail solicitando sua participação no projeto de sua preferência e aguarde uma resposta com as instruções.
Além da economia de tempo, um sistema distribuído é também vantajoso na questão financeira, pois praticamente não exige investimento em hardware.


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