São Paulo, quarta-feira, 05 de maio de 2010

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reportagem de capa

Empresas se integram à nuvem computacional

DO "NEW YORK TIMES"

Nos últimos tempos, o Vale do Silício parece não ser capaz de tirar a cabeça da nuvem. A ideia, embora seja tipicamente expressada por meios entremeados de jargões, é na verdade bem simples.
Grandes provedores de serviços na internet, como a Amazon, a Microsoft, o Google e a AT&T, e menores, como a Rackspace e a Terremark, procuram convencer outras empresas a desistir de construir e gerenciar seus próprios centros de processamento de dados a fim de que elas passem a usar, em vez disso, a potência computacional deles.

Volta ao passado
O conceito de alugar potência computacional nos remete ao passado, aos dias em que as empresas compartilhavam espaço em um único computador central com grandes drives de fita magnética. A indústria de tecnologia amadureceu a ponto de agora haver um mercado massificado emergente para esse modelo de locação.
Liderada pela Amazon, a maioria dos serviços em nuvem vinha se concentrado principalmente nas novas empresas, como na legião de desenvolvedores de aplicativos para o Facebook e o iPhone, que perceberam a possibilidade de alugar uma infraestrutura computacional de primeira classe.
Agora, os provedores de nuvem estão tentando trazer esse tipo de serviço para o mundo mais conservador e lucrativo das grandes corporações.

Divulgação
Embora os primeiros passos na nuvem computacional tenham sido feitos com cautela pelas grandes empresas, muitas delas estão preocupadas com a possibilidade de uma rede desse tipo causar falhas e lentidão no envio dos dados.
Elas também temem que suas informações confidenciais possam estar vulneráveis em sistemas de outras empresas, que não estejam sob seu controle.
Para amenizar essas preocupações, provedores como Google e Amazon estão procurando divulgar seus serviços para grandes corporações, mesmo as que sejam eventuais competidoras. A Amazon, por exemplo, vendeu seus serviços de nuvem computacional para a rival Netflix, que distribui vídeos on-line ou pelo correio.
Para a Netflix, a mudança faz sentido. Kevin McEntee, vice-presidente de engenharia da Netflix, disse que a empresa fez a mudança a fim de "focar a descoberta de filmes em vez de a construção de centros de processamento de dados cada vez maiores". Sobre a entrega dos dados a um rival, ele comenta: "Interessa à Amazon nos fazer ter sucesso na nuvem. Por isso, nós nos sentimos tranquilos".
Além de usar os serviços de processamento de dados da Amazon, suas clientes têm usado o parque computacional da empresa como um sistema de backup, para segurança dos dados ou para administrar panes inesperadas oriundas de alta demanda computacional.
Em um outro modelo de nuvem computacional, defendido por VMware e IBM, as empresas de tecnologia ajudam as grandes corporações a desenvolver "nuvens particulares" em seus próprios centros de processamento de dados, a fim de que vários departamentos e funcionários sejam capazes de alugar potência computacional conforme for necessário sem que grandes comprometimentos orçamentários sejam feitos.

Ganhos
Embora a Amazon revele poucos dados sobre as operações da Web Services (seu braço na nuvem), o Citibank estima que a subsidiária irá gerar entre US$ 500 milhões e US$ 700 milhões neste ano, o que equivale a menos de 3% do rendimento anual da Amazon.
Ainda assim, Jeffrey Bezos, diretor-executivo da Amazon, prevê que o seu departamento de nuvem computacional irá um dia gerar tanto quanto hoje geram os negócios no varejo.
Mas, para isso acontecer, os provedores de nuvem terão de convencer as grandes empresas de suas vantagens.

Cautela
Hoje em dia, quase todas as grandes empresas realizam testes cautelosos de seus produtos. O conglomerado 3M, com sede em St. Paul (Minnesota), está usando o novo serviço de nuvem Azure da Microsoft a fim de permitir que anunciantes se conectem a um serviço capaz de matematicamente analisar imagens publicitárias e avaliar quão eficiente elas tendem a ser. "Isso diminui bastante o risco de comercializá-las ou não", disse Jim Graham, gerente técnico da 3M.
A maioria das grandes organizações, no entanto, se diz receosa quanto à inserção de softwares e operações administrativas mais importantes em computadores de uma outra empresa.
"Não somos diferentes das outras pessoas. Estamos preocupados com a privacidade, a segurança e as normas envolvidas nisso", disse Dave Powers, engenheiro de sistemas sênior da Eli Lilly, gigante da indústria farmacêutica que usa os serviços de nuvem da Amazon para algumas pesquisas e tentativas na área de desenvolvimento.
"Temos muito cuidado com o que enviamos para lá."


Tradução de FABIANO FLEURY DE SOUZA CAMPOS


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