|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Falha da AOL mostrou hábitos dos usuários
DO "THE NEW YORK TIMES"
Durante três meses, o usuário de número 4.417.749 da
AOL realizou centenas de buscas sobre assuntos que iam desde "dedos dormentes" e "homens solteiros de 60 anos de
idade" até "cachorros que urinam por todos os cantos".
De busca em busca, ficou cada vez mais fácil traçar o perfil
do 4.417.749. Ele pesquisou
"paisagistas na Geórgia", "pessoas com sobrenome Arnold" e
"casas vendidas no condado de
Gwinnett, na Geórgia".
Não foi preciso investigar
muito para seguir a trilha dos
dados até Thelma Arnold, uma
viúva de 62 anos que mora em
Lilburn, Geórgia, e que costuma pesquisar os problemas médicos de seus amigos.
"Essas são as coisas sobre as
quais pesquiso", disse, depois
de um repórter ter lido parte da
lista para ela.
Depois do vacilo, a AOL tirou
do ar os dados sobre as buscas e
pediu desculpas por tê-los divulgado, explicando que um erro havia sido cometido por uma
equipe que pretendia ajudar
pesquisadores universitários.
Censura
Os registros detalhados sobre as buscas feitas por Thelma
Arnold e por outras centenas
de milhares de norte-americanos chamam a atenção sobre o
quanto as pessoas revelam sobre si mesmas na internet. Esse
risco colocou grupos de defesa
da privacidade em rota de colisão com empresas de propaganda on-line, que lucram com
o monitoramento dos usuários.
No começo deste ano, o Departamento de Justiça dos
EUA buscava informações capazes de ajudá-lo a defender
uma lei criada com o intuito de
proteger as crianças contra material de sexo explícito.
Thelma Arnold afirmou ter
ficado surpresa ao ouvir que a
AOL armazenou e divulgou
seus dados íntimos.
"Meu Deus, minha vida está
toda ali. Não tinha idéia de que
alguém estivesse espiando por
sobre meus ombros", disse.
Na privacidade de sua casa,
Arnold procurou respostas para questões sobre sua vida. As
buscas realizadas pela norte-americana formam um catálogo que contém seus planos de
vida, curiosidades, ansiedades e
perguntas do dia-a-dia.
Houve uma vez, em maio, em
que ela, no espaço de poucas
horas, digitou "cupim", "chá
que faz bem para a saúde" e, depois, "vivendo na idade adulta".
Suas dúvidas estão entre as
milhões de consultas guardadas no banco de dados da AOL,
que revelam quais são as preocupações de mulheres grávidas,
de doentes de câncer, de estudantes universitários e de fãs
de música clássica.
Há também muitos milhares
de pesquisas sobre assuntos de
natureza sexual, junto com
buscas sobre "pornografia infantil" e "como cometer suicídio usando gás natural", o que
levanta perguntas sobre o que
as autoridades podem e devem
fazer com tais informações.
Tradução de RODRIGO CAMPOS CASTRO
Texto Anterior: Reportagem de capa: Cliente de cibercafé expõe vida pessoal Próximo Texto: Reportagem de capa: Portais reúnem biografia involuntária dos visitantes Índice
|