São Paulo, quarta-feira, 06 de setembro de 2006

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Falha da AOL mostrou hábitos dos usuários

DO "THE NEW YORK TIMES"

Durante três meses, o usuário de número 4.417.749 da AOL realizou centenas de buscas sobre assuntos que iam desde "dedos dormentes" e "homens solteiros de 60 anos de idade" até "cachorros que urinam por todos os cantos".
De busca em busca, ficou cada vez mais fácil traçar o perfil do 4.417.749. Ele pesquisou "paisagistas na Geórgia", "pessoas com sobrenome Arnold" e "casas vendidas no condado de Gwinnett, na Geórgia".
Não foi preciso investigar muito para seguir a trilha dos dados até Thelma Arnold, uma viúva de 62 anos que mora em Lilburn, Geórgia, e que costuma pesquisar os problemas médicos de seus amigos.
"Essas são as coisas sobre as quais pesquiso", disse, depois de um repórter ter lido parte da lista para ela.
Depois do vacilo, a AOL tirou do ar os dados sobre as buscas e pediu desculpas por tê-los divulgado, explicando que um erro havia sido cometido por uma equipe que pretendia ajudar pesquisadores universitários.

Censura
Os registros detalhados sobre as buscas feitas por Thelma Arnold e por outras centenas de milhares de norte-americanos chamam a atenção sobre o quanto as pessoas revelam sobre si mesmas na internet. Esse risco colocou grupos de defesa da privacidade em rota de colisão com empresas de propaganda on-line, que lucram com o monitoramento dos usuários.
No começo deste ano, o Departamento de Justiça dos EUA buscava informações capazes de ajudá-lo a defender uma lei criada com o intuito de proteger as crianças contra material de sexo explícito.
Thelma Arnold afirmou ter ficado surpresa ao ouvir que a AOL armazenou e divulgou seus dados íntimos.
"Meu Deus, minha vida está toda ali. Não tinha idéia de que alguém estivesse espiando por sobre meus ombros", disse.
Na privacidade de sua casa, Arnold procurou respostas para questões sobre sua vida. As buscas realizadas pela norte-americana formam um catálogo que contém seus planos de vida, curiosidades, ansiedades e perguntas do dia-a-dia.
Houve uma vez, em maio, em que ela, no espaço de poucas horas, digitou "cupim", "chá que faz bem para a saúde" e, depois, "vivendo na idade adulta".
Suas dúvidas estão entre as milhões de consultas guardadas no banco de dados da AOL, que revelam quais são as preocupações de mulheres grávidas, de doentes de câncer, de estudantes universitários e de fãs de música clássica.
Há também muitos milhares de pesquisas sobre assuntos de natureza sexual, junto com buscas sobre "pornografia infantil" e "como cometer suicídio usando gás natural", o que levanta perguntas sobre o que as autoridades podem e devem fazer com tais informações.


Tradução de RODRIGO CAMPOS CASTRO


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