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COISA DE CRIANÇA
Professores e pais debatem uso de micro na infância e avaliam possíveis riscos ao desenvolvimento
Iniciação na informática gera indecisão
ANICK JESDANUN
DA ASSOCIATED PRESS
Aumenta cada vez mais a discussão sobre se as crianças devem
ou não ser expostas à tecnologia.
Alguns pais e professores não
vêem nenhum benefício, e muitos
até advertem sobre prejuízos ao
desenvolvimento da criança.
Outros afirmam que os computadores ajudam as crianças a se
desenvolverem e garantem bons
momentos com seus filhos.
Amanda Cunningham, por
exemplo, iniciou sua filha de dois
anos e meio em computadores
com o software Reader Rabbit e
sites infantis como Vila Sésamo
(www.sesameworkshop.org).
Como qualquer mãe, ela estava
orgulhosa por Madeline conseguir comandar o mouse, mesmo
sendo tão pequena.
Porém Amanda logo percebeu
que Madeline, agora com quatro
anos, na verdade, não estava
aprendendo nada. "Ela só ficava
clicando, arrastando e jogando
sempre os mesmos jogos", diz a
mãe, que agora não tem nenhuma
pressa em colocar seu filho de um
ano, Liam, em contato com o
computador ou com a internet.
"Não vejo nenhuma vantagem
em começar cedo", disse Amanda, que antes era professora e agora cria programas que ensinam
leitura em escolas primárias.
Jane M. Healy, autora de "Failure to Connect: How Computers
Affect our Children's Mind" (Falha de Conexão: Como os Computadores Afetam a Mente de
nossas Crianças), faz críticas à iniciação precoce: "A capacidade
mental, nessa idade, é adquirida
pela manipulação do mundo tridimensional. Isso ocorre quando
a criança controla a sua própria
mente, e não quando sua mente é
controlada por uma máquina".
Healy também disse que os
computadores tiram as crianças
de outras atividades que promovem o seu desenvolvimento e que
são mais apropriadas para seus
cérebros.
Segundo ela, o uso de computadores pode "facilmente tornar-se
um hábito, tanto para os pais como para a criança".
Quando começar
Dados de uma pesquisa realizada em 2003 pela Kaiser Family
Foundation confirmam que 31%
das crianças de três anos ou menos já estão usando computadores nos EUA. Dezesseis por cento
conseguem apontar e clicar com
um mouse e 11% ligam o computador sem ajuda.
Healy recomenda que as crianças fiquem longe de computadores até os sete anos de idade. Outros especialistas sugerem que
três anos é uma boa idade para
começar.
A Academia Americana de Pediatria recomenda que, antes dos
dois anos de idade, as crianças
não sejam expostas à tela do computador. Segundo a entidade,
crianças ansiosas podem ficar desanimadas se, por exemplo, conversarem com o monitor de um
computador sem obter resposta.
Contudo, alguns pesquisadores,
assim como desenvolvedores de
sites e softwares destinados a
crianças, não vêem nada de errado em expor as crianças precocemente à tecnologia - desde que
isso seja feito com moderação.
"As crianças precisam ter um
bom equilíbrio em suas vidas e
uma mistura de experiências",
disse Peter Grunwald, consultor
especializado em crianças e tecnologia. Em outras palavras, não
force as crianças a entrar em contato com a tecnologia.
"Se usados com bom senso",
disse Grunwald, "computadores
podem ajudar as crianças a desenvolver a coordenação mão-olho e outras habilidades".
Tradução de Angela Caracik
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