São Paulo, quarta-feira, 07 de julho de 2004

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TESTE USP

De baixo custo, sistema é graficamente semelhante ao Windows; falta suporte a winmodem

Freedows ajuda a ir para o Linux

RENATA PONTIN M. FORTES
MARCO AURÉLIO GRACIOTTO SILVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Freedows Professional é a primeira distribuição Linux, lançada recentemente, desenvolvida pelo Freedows Consortium (Cobra Tecnologia, Free Software e Abrasol). Seu alvo é o público de usuários do sistema Windows que desejam migrar para o Linux da maneira mais suave possível.
Suas vantagens são o custo baixo de cada licença (R$ 150) e a semelhança com o Windows. O pacote de aplicativos inclui programas de escritório (editor de texto, planilhas, apresentações e gráficos), multimídia (áudio e visualização de vídeo) e internet (navegador e programas de mensagem instantânea).
Os requisitos mínimos de instalação são um computador Pentium ou compatível, com 192 Mbytes de memória RAM e 3 Gbytes de espaço livre (preferencialmente não particionado) no disco rígido. Recomenda-se, no entanto, a utilização de computadores com CPUs mais rápidas (Athlon e Pentium 4) e um pouco mais de memória disponível (256 Mbytes de RAM e 5 Gbytes de espaço livre no disco rígido).
A gama de placas e impressoras suportadas é ampla, mas os winmodens (que vêm incluídos na placa-mãe) não são suportados. Portanto, usuários que dependem desse recurso (winmodems) devem estar cientes disso.
A instalação do Freedows é rápida e descomplicada. É dividida em poucos passos, sempre acompanhados de ajuda na tela. Além disso, o manual esclarece eventuais dificuldades comuns na instalação e pontos críticos, como o particionamento do disco.
Como era de se esperar, o programa de instalação está praticamente todo em português, com poucos erros de ortografia (há mensagens de erro em inglês em algumas caixas de mensagem).
A detecção de hardware funciona razoavelmente: o som e o vídeo foram corretamente configurados, mas os parâmetros do monitor utilizado (AOC 7VlrA) não foram obtidos automaticamente.
Usuários acostumados a escolher programas para instalação vão estranhar a ausência dessa opção: todos os programas disponíveis são instalados, justificando assim o espaço mínimo de 3 Gbytes exigido no disco rígido.

Instalação
Após a instalação e a reinicialização do computador, o Freedows apresenta uma tela de inicialização personalizada, escondendo do usuário detalhes do carregamento do kernel e serviços, agora representados por uma barra de progresso simples.
Após algumas configurações iniciais ainda referentes à instalação (hora do sistema, criação de contas de usuário), surge a tela de entrada, que lembra muito a do Windows XP. As semelhanças não param aí. Após entrar no sistema, é apresentado ao usuário um ambiente gráfico praticamente idêntico ao do Windows: a barra de tarefas na parte inferior, o menu, os ícones, o fundo de tela e o nome das pastas do usuário (Meus Documentos, Minhas Imagens etc.).
É bem provável que um usuário desatento não perceba a diferença entre as interfaces.
O conjunto de programas disponíveis é pequeno, mas é suficiente para as operações do dia-a-dia. Os programas instalados são versões do OpenOffice (pacote de programas para escritório), Gaim (ICQ, MSN), Evolution (e-mail), XMMS (som) e Xine (vídeo) personalizados para o Freedows.
Aparentemente, tentou-se manter um paralelo entre os programas disponíveis no conjunto Microsoft Windows e Office, visando facilitar a migração do Windows para o sistema Linux. Algumas ausências, no entanto, são notáveis: programas para gravar CDs, por exemplo (a documentação do Freedows destaca que eles estão disponíveis no site da empresa, mas, até o final dos testes, não existia nenhum software disponível por esse meio).
Caso seja considerada insuficiente a semelhança com o sistema da Microsoft, a versão Professional do Freedows ainda oferece o CrossOver Office.
É um software que permite que programas Windows sejam usados no Linux: caso do navegador Internet Explorer, do Microsoft Office e do Dreamweaver MX.
Até mesmo alguns jogos podem ser instalados por ele. Nos testes, foram instalados o Internet Explorer e alguns plug-ins (Shockwave). Ambos funcionaram sem problemas e foram totalmente integrados ao sistema.
Configurar uma nova impressora não foi uma tarefa difícil: até esse procedimento é semelhante ao Windows. Existe o painel de controle, por onde é possível ajustar diversos parâmetros do sistema completo, mas ainda são necessários alguns ajustes.
Em um dos testes realizados, as alterações de configuração de rede local não surtiam efeito e foi necessário recorrer ao bom e velho console para corrigir o problema. Um recurso que ganhou visibilidade recentemente, o Windows Update, também encontra seu paralelo no Freedows: o Update Agent. Infelizmente, esse serviço não parece estar funcionamento corretamente. Portanto, não foi possível realizar as atualizações oferecidas pelo mesmo.
O suporte técnico do Freedows pode ser contactado por e-mail, pelo site da empresa ou por telefonema gratuito (0800). Durante os testes, utilizou-se o suporte via telefone, e o atendimento foi satisfatório. A empresa promete retornar a resposta para qualquer problema, que não é imediatamente solucionada pelo suporte (em 48 horas, um prazo bem razoável).
Um ponto ainda a ser esclarecido do Freedows é sobre a disponibilidade do código-fonte dos programas distribuídos.
O ponto forte do sistema Linux e de outros softwares livres é a disponibilidade desses códigos. Até o presente momento, os usuários do Freedows não foram informados do procedimento para obtê-los. Espera-se que a empresa corrija rapidamente esse problema, que fere a licença dos vários programas que ela utiliza.


RENATA PONTIN DE MATTOS FORTES é professora-doutora e pesquisadora do Departamento de Computação e Estatística do ICMC-USP.
MARCO AURÉLIO GRACIOTTO SILVA é mestrando em computação do ICMC-USP.



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