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PEQUENAS MALDIÇÕES
Empresas de software relutam em consertar defeitos em programas, preferindo ensinar truques a usuário
Fabricantes divulgam instruções confusas
PETER MEYERS
DO "THE NEW YORK TIMES/CIRCUITS"
Descobrir que os programas de
computador nem sempre funcionam corretamente é tão natural
quanto encontrar uma barata
num apartamento de Nova York.
Mas quem sofre com insetos pode
contratar um dedetizador. Os
usuários de informática, por outro lado, frequentemente se deparam com empresas de software
que nem sequer tentam consertar
os problemas.
Os fabricantes dizem que "não é
um defeito, mas um recurso",
afirma o consultor de informática
Jakob Nielsen. Ele diz que, se um
programa tem comportamento
estranho, seus criadores "simplesmente escrevem isso no manual", sem tomar uma atitude.
A Microsoft, por exemplo, reconhece um defeito em algumas
versões do Outlook Express, que
estragam mensagens começadas
com a palavra "begin" (iniciar,
em inglês). Isso ocorre porque o
termo é usado pelo soft de correio
eletrônico no processamento de
determinados tipos de e-mail. A
solução publicada no site da empresa aconselha os usuários a trocar a palavra por um sinônimo.
A Intuit, que faz o programa financeiro Quicken, criou um processo com seis etapas para os
usuários que desejam transferir
informações pessoais entre versões incompatíveis do software.
Parece simples, mas cada etapa
tem várias subdivisões, o que resulta em 32 comandos a acionar.
A Symantec, que fabrica programas de proteção para PCs, admite uma "situação" que pode
ocorrer quando o Norton AntiVirus é instalado em micros com
sistema Windows NT. Para contornar o problema, é necessário
usar outro computador. O procedimento lembra a clonagem de
animais.
Depois de instalar parcialmente
o Norton no segundo micro, é
preciso extrair três arquivos, copiá-los para um disquete e instalá-los no PC com problemas. O
guia, que tem 15 etapas, frequentemente desnorteia o usuário.
Por exemplo: "Na pasta
Navntws, abra o arquivo Setup.
exe. Um indicador de progresso
aparecerá acompanhado da mensagem "Erro fatal: você deve ter o
Windows NT instalado para usar
este programa. Clique em OK".
Não clique em OK agora".
OK?
O fabricante de PCs Gateway
detectou um problema na reprodução de vídeos. A empresa diz:
"Ao tentar assistir a um filme em
DVD, pode surgir uma mensagem de erro. A única opção é clicar em OK, o que encerra o filme".
O fenômeno afeta títulos como "A
Múmia" e "O Colecionador de
Ossos". Sempre que o usuário
quiser ver um dos filmes afetados,
terá de seguir um processo com
nove etapas.
A interação entre programas
também pode criar dificuldades.
Com a infinidade de combinações
de hardware e software que existem hoje, descobrir qual é o problema de um micro específico pode ser tão difícil quanto manter a
paz no Oriente Médio.
A Gateway, por exemplo, tenta
mediar um conflito entre o Norton AntiVirus, certas impressoras
da HP e da Lexmark e a última
versão do programa Picture It Publishing (Pip), da Microsoft.
O Pip é o mais falante, mas suas
mensagens tendem a ser auto-incriminativas: "Pip causou um erro". Uma briga familiar parece irromper quando o Windows entra
na discussão e afirma: "Se o problema persistir, procure o fabricante do software". No caso, a Microsoft, criadora de ambos.
Embora alguns truques fornecidos pelos fabricantes sejam confusos, são melhores do que nada.
O programa Quicken 2002 para Macintosh, por exemplo, admite
gerar resultados incorretos ao calcular rendimentos financeiros. "A
janela Reconcile mostra dados errados ao gerenciar um fundo com
mais de US$ 100 mil. Por enquanto, não há solução." Seja como
for, a vida provavelmente não é
tão ruim para quem tem US$ 100
mil no banco.
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