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reportagem de capa
Troca de arquivos impulsiona economia
DOWNLOAD >> Estudo aponta que tecnologia diminui custos de produção e permite a artistas atingir alcance ainda maior
DA REPORTAGEM LOCAL
Ouvir, baixar e comprar música na internet é um hábito cada vez mais comum. Difícil é
chegar a um modelo de negócios que agrade a artistas, produtores, gravadoras e, claro, internautas que nem sempre
querem pagar pelo conteúdo.
Ao contrário das alegações da
indústria do entretenimento, a
troca de arquivos digitais causa
menos prejuízo do que se pensa
-a afirmação é de um estudo
publicado pela Harvard Business School.
Conduzida pelos economistas Felix Oberholzer-Gee e Koleman Strumpf, a pesquisa
aponta que, apesar de a venda
de discos ter caído desde 2000,
o número de álbuns criados
mais que dobrou -em 2000,
foram lançados 35,5 mil títulos,
enquanto, em 2007, o número
chegou a 79,6 mil, incluindo
25,1 mil álbuns digitais.
O estudo também aponta que
a troca de arquivos protegidos
por direitos autorais não tem
efeitos econômicos drásticos.
"Não vemos evidência alguma
de que o compartilhamento de
arquivos desencorajou a produção artística. (...) A tecnologia digital diminuiu os custos
de produção de filmes e músicas e permitiu que os artistas
alcançassem seu público de novas maneiras", diz o texto.
O download não representaria, portanto, uma venda perdida -remixes e mashups (músicas misturadas) podem até incentivar a venda de canções
originais. Além disso, aumentou a demanda por shows.
Na conclusão, os pesquisadores apontam que o maior acesso do público às músicas e uma
proteção mais fraca dos direitos autorais, aparentemente,
beneficiaram a sociedade.
Para Ronaldo Lemos, professor da FGV (Fundação Getúlio
Vargas) e diretor do Creative
Commons no Brasil, o consumidor de hoje quer preço baixo,
catálogo ilimitado e portabilidade. "Uma vez que esses três
itens sejam oferecidos, a indústria finalmente terá condições
de competir com a pirataria,
pois terá migrado do modelo de
mercadoria para o de serviço,
que é o que faz sentido econômico desde 2001 [quando o
Napster foi fechado]", diz.
Números
Ao longo dos últimos cinco
anos, a venda de música on-line
e por dispositivos móveis passou de zero a US$ 2,9 bilhões
-representando 15% das vendas da indústria fonográfica,
aponta o Digital Music Report
de 2008, divulgado pela IFPI
(Federação Internacional da
Indústria Fonográfica, na tradução do inglês).
"O negócio fonográfico no
Brasil e no mundo passa por
um período de transição e reinvenção", afirma Paulo Rosa,
presidente da ABPD (Associação Brasileira de Produtores de
Discos).
Em relatório sobre o desempenho em 2008, a ABPD apontou que o mercado de música
digital, que engloba internet e
telefonia móvel, cresceu 79,1%,
em comparação a 2007.
As companhias que reportam estatísticas para a ABPD
faturaram R$ 45,3 milhões nesse segmento -sendo R$ 9,68
milhões (22%) representados
por receitas vindas da internet
e R$ 33,82 milhões (78%) por
vendas de música digital via telefone.
(DANIELA ARRAIS)
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