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Coinventor defende controle maior da internet
DA REPORTAGEM LOCAL
Fã de Lego e da história do
Egito, como conta em seu site
(robertcailliau.eu), Robert
Cailliau, coinventor da web,
concedeu à Folha, por e-mail, a
entrevista abaixo . Leia mais
em folha.com.br/circuitointegrado.
(RC)
FOLHA - O que você acha de termos
como "web 2.0" e "conteúdo gerado pelo usuário"?
ROBERT CAILLIAU - Conteúdo gerado pelo usuário era exatamente o que queríamos desde o
começo! Os primeiros navegadores também tinham capacidades de edição; o usuário podia modificar páginas tão facilmente quanto lê-las. O que se
chama hoje de "blogar" era, de
fato, como o conteúdo inicial da
web era construído.
Web 2.0 não é de forma alguma uma tecnologia, apenas um
conceito psicológico sobre o
que a web faz para a comunidade. Isso é bom e interessante.
Na verdade, é mais importante
do que a tecnologia.
FOLHA - Seu site tem uma seção ao
estilo de um blog, mas você afirma
não gostar de blogs. Por quê?
CAILLIAU - Blogs são muito prolixos, e o que está neles normalmente não é bem embasado.
Mas creio que eles tenham uma
função calmante para pessoas
que, de outra maneira, seriam
muito frustradas e nervosas.
Não tenho hábito de ler blogs,
mas imagino que existam alguns que sejam bons.
A imprensa tradicional, embora seja cheia de defeitos, ao
menos tem o processo de trabalho de olhar para uma informação, examiná-la e checar sua
confiabilidade, o que a leva a
uma certa medida de integridade. O problema principal da mídia tradicional de hoje é que ela
é movida a publicidade. Mas o
mesmo vale para muitos blogs.
FOLHA - Você diz que spam é "a
principal chateação em relação ao
que a popularidade fez à internet".
O que mais o incomoda na rede?
CAILLIAU - Não muita coisa. De
modo geral, sou muito feliz
com o resultado da web: ela é
muito útil para muitas pessoas
e foi muito benéfica para comunidades pequenas ou dispersas.
FOLHA - E o futuro?
CAILLIAU - Veja quais são os
principais problemas da internet: há spam (publicidade); há
hackers e não conseguimos encontrá-los (rastreamento); você não pode confiar em algumas informações (identidade);
é difícil encontrar um modelo
de negócios que gere dinheiro,
especialmente para jornais (pagamentos); e a internet é gratuita e, ao mesmo tempo, não é.
Então, por que não partimos
para um sistema que elimine a
maior parte do problema da
publicidade, que tenha identificação positiva de todos os seus
usuários, que permita que abusadores sejam rastreados rapidamente e que deixe que os
provedores de informação sejam pagos diretamente pelos
leitores? Gritos que consigo ouvir: "Isso é perigoso, é contra as
liberdades, infringe nossa privacidade..."
Talvez, mas esses mesmos
opositores também carregam
um telefone GSM com capacidades 3G ou 4G e têm orgulho
deles. Mas eles não se opõem a
pagar tarifas para cada ligação,
para ter um número único e
identificável, e realmente querem ser encontrados se houver
algum problema.
O sistema GSM tem todas as
qualidades que lamentamos
não haver na internet. Então
vamos transferir a web para a
rede GSM, e silenciosamente
abandonar a internet.
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