São Paulo, quarta-feira, 11 de novembro de 2009

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Cadê a garantia?

Nem todas as multinacionais que atuam no Brasil dão garantia a seus produtos comprados no exterior

AMANDA DEMETRIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Comprar nos Estados Unidos um notebook cheio de recursos por um preço muito abaixo do cobrado no Brasil pode virar uma dor de cabeça. Se surgir algum problema, você corre o risco de viver uma via-crúcis até obter o atendimento desejado -mesmo assim, terá de pagar, pois são poucas as multinacionais que atuam no país e honram -sem restrições- a garantia de seus produtos comprados no exterior.
Essa política de não atendimento também é praticada em outros países. Nos Estados Unidos, a reportagem da Folha ouviu de um executivo da HP a explicação de que os produtos comerciais (os destinados ao grande público) "não foram feitos para circular pelo planeta".
Uma forma de se prevenir contra isso é comprar um certificado de garantia internacional -o que, evidentemente, aumenta a conta. O certificado de "global warranty" faz com que os possíveis problemas apresentados pelo aparelho possam ser reparados sem outros custos aqui no Brasil.
Mas há empresas, como a Nokia, que nem sequer oferecem a opção de compra da tal garantia internacional. Segundo a fabricante de telefones celulares, o consumidor que adquiriu seu produto fora do Brasil pode encaminhar o aparelho para o reparo, mas terá que pagar pelo conserto.
Outras empresas ouvidas pela Folha dizem que prestam assistência técnica gratuita no período de garantia, mas apresentam uma série de restrições. A Panasonic só oferece garantia internacional para suas linhas de câmeras fotográficas e filmadoras digitais.
No caso da HP, a garantia só vale para os produtos trazidos de fora do país que já circulam no mercado local. "A HP Brasil não dispõe de partes e peças para suportar um produto não comercializado no mercado local", explicou Regina Higa, gerente de operação e reparo da empresa. A HP se oferece para ajudar o cliente a acessar o suporte de outros países.
Por seu lado, a Apple afirma que oferece suporte internacional aos seus produtos, mas deixa de fora um de seus sucessos, o iPhone.
A LG é outra que impõe restrições. "Hoje, no Brasil, a LG atende somente notebooks, no caso em que o produto foi comprado fora e o cliente pagou pela garantia internacional", informou a empresa.
Apesar disso, "se o produto não tem garantia global, mas existe fábrica no país [a LG tem fábrica em Manaus e Taubaté], é respeitada a garantia legal de três meses", informou.
HTC, Kodak e Philips afirmam oferecer garantia global para todos os seus aparelhos.
A política de não dar garantia a produtos comprados no exterior é perfeitamente legal, segundo Márcia Christina Oliveira, do Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) de São Paulo. "A empresa não tem nenhuma obrigação em relação a isso", diz ela.
Oliveira recomenda que o cliente verifique a existência da garantia global na hora da compra fora do país. "O consumidor que quiser uma garantia desse tipo precisa checar a representação da marca no seu país antes de comprar e pedir o suporte global por escrito."
As garantias globais valem apenas para produtos comprados com nota fiscal e trazidos legalmente para o Brasil. Você pode trazer US$ 500 em produtos (se vier por via aérea ou marítima) para o país. No caso de valores superiores, o viajante deve informar a Receita Federal (www.receita.fazenda.gov.br) e pagar os impostos.


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