São Paulo, quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Do cabelo verde ao crachá do FBI é a trajetória hacker

DO ENVIADO ESPECIAL A LAS VEGAS

Imaginar que hacker é sinônimo de garoto adolescente vestido de preto e com óculos com lentes grossas é uma exercício de nostalgia. A visão de Hollywood do perito em computadores, com cabelos coloridos e óculos extravagantes, é ainda mais equivocada.
Na 14ª edição da Defcon, encontrar o estereótipo clássico do viciado em informática foi uma missão difícil.
A profunda mudança do perfil dos especialistas em segurança digital foi até tema de palestra, apresentada pelo PhD de justiça criminal da Universidade da Carolina do Norte, Thomas Holt. Os hackers amadureceram e, mesmo os mais jovens, têm empregos e nível educacional avançado. Cerca de 20% do público da Defcon trabalham para alguma agência governamental, 26% têm um curso superior e mais de 50% possuem uma certificação profissional. "Dizer que hacker é bandido é um grande erro", analisa Holt. "Nenhum outro grupo é tão empenhado em melhorar as tecnologias que os cercam. Não vejo traficantes de crack discutindo melhorias em sua rede de distribuição", conclui.
A agenda da Defcon acompanhou esse amadurecimento. Na primeira metade dos anos 90, grupos como o cDc (Cult of Dead Cow) e o L0pht lançavam programas do tipo cavalo-de-tróia e davam palestras sobre como invadir sistemas. Hoje, os grupos mais influentes, como o Church of WiFi e o Shmoo, falam sobre brechas de segurança e programas que provam conceitos teóricos.
Holt afirma que hoje o que existe é a terceira geração dos hackers, que acumula conhecimentos mais rapidamente que seus antecessores, os precursores "hackers de garagem", dos anos 70 e 80, e os hackers que surgiram junto com a popularização da internet, nos anos 90.

A lenda
Graças a uma reportagem de uma agência internacional de notícias, em meados dos anos 90, os participantes da Defcon têm uma relação de indiferença e de raiva com a imprensa.
Ainda na onda de popularização do termo "hacker", causado pelo filme "Hackers" (1995) e pela prisão de Kevin Mitnick, um repórter deu mais destaque para os penteados dos participantes do que para as palestras e descobertas da conferência.
Nos corredores da Defcon, essa história ficou conhecida como a "reportagem do cabelo verde" e é relembrada a cada vez que alguém fala em jornalistas ou em imprensa.


Texto Anterior: Etiquetas de radiofreqüência usadas como RG digital podem ser clonadas
Próximo Texto: Canhão hacker
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.