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Pirataria de livros cresce e já preocupa grandes editoras
MOTOKO RICH
DO "NEW YORK TIMES"
Ursula K. Le Guin, uma escritora de ficção científica, estava
examinando o site Scribd, no
mês passado, quando se deparou com cópias digitais de alguns livros que lhe pareciam
bem familiares. Não era para
menos. Eles haviam sido escritos por ela, incluindo uma cópia de um de seus romances
mais conhecidos, "A Mão Esquerda da Escuridão".
Nem Le Guin nem sua editora haviam autorizado as edições eletrônicas. Para Le Guin,
isso serviu de brutal introdução
ao problema da pirataria digital, que se prolifera silenciosamente no mundo literário.
"Quem essas pessoas acham
que são? Por que elas pensam
que são capazes de violar meus
direitos autorais e saírem ilesas?", disse ela.
Tudo isso pode soar familiar
a cineastas e músicos que vêm
participando de batalhas semelhantes -com graus variados
de sucesso- ao longo da última
década. Para os autores e suas
editoras da era do Kindle, porém, esse é um território novo e
assustador.
Há algum tempo, leitores determinados já conseguem encontrar cópias digitais errantes
de títulos tão variados como os
da série "Harry Potter" e os
best-sellers de Stephen King e
John Grisham.
Aumento exponencial
Mas, segundo as editoras, o
problema aumentou, nos últimos meses, devido a um apetite
cada vez maior por e-books. Isso causou a proliferação de edições piratas em web sites como
o Scribd e o Wattpad e em serviços de compartilhamento de
arquivo como o RapidShare e o
MediaFire.
"Há um aumento exponencial do problema", disse David
Young, diretor-executivo do
Hachette Book Group, cujo setor Little, Brown publica a série
"Crepúsculo" de Stephenie
Meyer, um dos favoritos entre
os piratas digitais.
"Nosso departamento jurídico gasta cada vez mais tempo
policiando sites nos quais materiais protegidos por direitos
autorais são divulgados."
A John Wiley & Sons, editora
de livros didáticos que também
publica a série "Dummies", emprega três funcionários em
tempo integral que pesquisam
a rede para encontrar cópias
não autorizadas.
Luta interminável
Em abril, a empresa enviou
notificações referentes a mais
de 5.000 títulos -número cinco vezes maior que o verificado
há um ano- pedindo a sites
que retirem do ar versões digitais dos livros da Wiley.
"Essa é uma luta interminável", afirmou Russel Davis, autor e presidente de uma associação que ajuda escritores a
perseguirem piratas digitais.
"Você nocauteia um e outros
cinco aparecem."
Sites como o Scribd e o Wattpad, que convidam os usuários
a carregar documentos como
teses universitárias e romances
independentes, têm sido alvo
de queixas do setor. Trip Adler,
diretor-executivo do Scribd,
disse que, segundo sua "intuição", as edições não autorizadas são apenas uma pequena
fração do conteúdo do site.
Os dois sites afirmam remover os livros postados ilegalmente assim que são notificados. Também instalaram filtros
a fim de identificar as obras
protegidas por direitos autorais
no momento em que são submetidas. "Nós estamos trabalhando arduamente para manter fora do site o conteúdo não
autorizado", disse Adler.
Até recentemente, as editoras acreditavam que os livros
estavam relativamente salvos
da pirataria porque era muito
trabalhoso digitalizar cada página a fim de converter um livro
em um arquivo digital. Além
disso, a leitura de livros no
computador não era muito
atraente se comparada à de
uma versão impressa.
Agora, com editoras publicando mais edições digitais, ficou potencialmente mais fácil
para os hackers copiarem os arquivos. E os dispositivos eletrônicos para leitura, como o Kindle, da Amazon, ou o Reader, da
Sony, cada vez mais populares,
tornam mais fácil a leitura no
formato digital.
Tradução de
FABIANO FLEURY DE SOUZA CAMPOS
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