São Paulo, quarta-feira, 18 de abril de 2007

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Reportagem de capa

"Tudo vai para a internet", diz veterano

VIDA ON-LINE - "Mad Dog", guru do movimento do software livre, profetiza a popularização de serviços de videoconferência gratuita

Ricardo Jaeger/ Folha Imagem
O norte-americano John Hall em palestra do oitavo FISL


DO ENVIADO ESPECIAL

Na tradução do inglês para o português, muitas vezes a palavra "free" é confundida.
É normal trocar grátis por livre e vice-versa. Em um encontro de ativistas que defendem o software livre, porém, é difícil não entender o significado certo do termo na informática.
A liberdade para acessar, copiar, editar e distribuir tecnologias é vista como a chave para resolver todo tipo de problema, dentro ou fora do computador.
Quem melhor descreveu essa teoria foi o diretor-presidente da ONG Linux International (www.li.org), John "Mad Dog" Hall, que trabalha com computadores há mais de 38 anos.
O guru destacou a importância da internet no futuro das comunicações em uma palestra sobre o uso de padrões livres nos sistemas de transmissão de voz pelo protocolo da internet, o VoIP.
"Não falaremos mais de telefonia sobre IP ou de IP sobre telefonia. Tudo estará na internet", disse Hall batizando a tendência de "All IP". Para o veterano, será possível usar sistemas livres na rede para difundir o acesso a transmissões de vídeo e ligações telefônicas.
Como exemplo, Hall citou o Access Grid (www.accessgrid.org), um sistema de videoconferência para múltiplos usuários. Com o programa, é possível usar câmeras e monitores convencionais para transmitir imagens para vários computadores.
Hall deu como exemplo a utilização da tecnologia em uma turma de alunos que fazia aulas de dança em diferentes locais, seguindo o mesmo professor.
Outra tecnologia de comunicação que mereceu destaque na apresentação de "Mad Dog" foi o PABX aberto, que reduz os custos dos tradicionais centros de distribuição telefônica por ramais usados nas empresas.
O Asterisk (www.asterisk.org), que permite o uso de funções como secretária eletrônica e filtro avançado de chamadas, foi um dos exemplos citados.

Corpo e alma
Libertar o software já não é o suficiente. As peças que compõem os micros precisam passar por uma revisão para oferecer liberdade de escolha e segurança aos consumidores.
Essa é a proposta de projetos como o LinuxBios e uma das metas da Free Software Foundation da América Latina.
Pode parecer radicalismo, mas a Intel, maior fabricante de chips do mundo, também tem projetos nessa área, e a iniciativa conta com o apoio da Electronic Frontier Foundation (www.eff.org), ONG de defesa dos direitos dos internautas.
Um dos motivos de preocupação dos ciberativistas são os mecanismos TPM (Trusted Platform Module), travas que limitam a compatibilidade de mídias e de arquivos em computadores e em tocadores multimídia.
De acordo com as queixas, a indústria usa esses microcontroladores para evitar a pirataria e, de quebra, fazer com que os aparelhos entreguem informações pessoais do consumidor.
"Quem defende essas tecnologias precisa provar que os mecanismos têm alguma utilidade além de restringir a concorrência", disse Seth Schoen, da EFF.
Outra preocupação dos ativistas é o excesso de controle que as empresas têm sobre o conteúdo.
"Uma música que está sob domínio público, mas não tem a marca digital de uma loja virtual, pode ser tomada como pirataria por esses aparelhos", disse a ativista da Free Software Foundation Fernanda Weiden.
A intenção do projeto LinuxBios (linuxbios.org) é agir no íntimo dos micros, melhorando a interação entre sistema e placa-mãe. De acordo com seus produtores, o soft é capaz de acelerar a inicialização das máquinas e adicionar uma camada de segurança ao carregamento do sistema.
O projeto da Extensible Firm-ware Interface, liderado pela Intel, vai na mesma direção: pretende aprimorar as funções do Bios e aumentar a compatibilidade entre peças e programas.
(JB)


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