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Celular da LG traz problemas com o visor
KÁTIA ARIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A LG batizou o celular
MX800 de Chocolate -um nome sedutor para um aparelho
de design charmoso, com teclado deslizante e botões sensíveis
ao toque. Atraídas pelo visual
diferenciado, muitas pessoas
desembolsaram cerca de R$
1.000 no produto. Mas algumas
delas tiveram desgosto de ver o
visor LCD quebrado, sem um
motivo aparente.
Quando foi atender uma ligação, o advogado Luis Renato
Zanardi Horio pegou seu celular sobre a mesa e percebeu que
a tela estava branca, com manchas pretas. Ficou assustado,
pois não havia batido ou derrubado o aparelho, pelo qual havia pago R$ 1.200. "Sempre cuidei bem dele", afirma. Mas a assistência técnica alegou mau
uso e quis cobrar R$ 390 pelo
conserto. "Achei muito caro e
não vou pagar por isso", disse.
Epidemia
A história de Horio não é única. Dezenas de pessoas, de diversos Estados do Brasil, passaram pelo mesmo sufoco de ver
a tela de seu MX800 trincada
internamente. Muitas delas foram se queixar em fóruns do
Orkut e assim descobriram que
não estavam sós. A comunidade "LG MX800 Chocolate
Black Label" está cheia de reclamações semelhantes. Indignados, eles pedem recall.
"Foi um alívio descobrir pelo
Orkut que o problema não tinha acontecido só comigo", diz
a empresária Priscila Ribas.
Seu telefone ficou um mês numa assistência técnica autorizada da LG e a conclusão foi
que Priscila fez mau uso do
aparelho. Se quiser consertá-lo,
terá de pagar R$ 360.
Na casa do estudante César
Marques, o prejuízo foi duplo.
Com duas semanas de uso, a tela do seu celular trincou por
dentro. Pior: o mesmo aconteceu com o MX800 do seu irmão. Apesar de os dois aparelhos estarem na garantia, a assistência da LG queria cobrar
R$ 1.000 pelo conserto.
Se não adianta nada que o celular esteja na garantia, será
que vale a pena adotar ou acionar o seguro? Geralmente, a seguradora não cobre quebra ou
perda do aparelho. O ressarcimento somente é feito se o aparelho for roubado com violência ou deixando vestígios.
Alguns clientes indignados já
estão recorrendo à Justiça, caso da historiadora Sula Floret.
O visor do seu celular quebrou
após uma semana de uso.
Ao levar o celular a assistência técnica autorizada da LG,
Sula foi informada de que o celular não podia ser carregado
no bolso ou na bolsa e, por isso,
a garantia não cobria o conserto, que custaria R$ 800. "Eles
querem que eu carregue o celular na mão, mas isso é inviável."
Sula entrou com um processo no juizado especial cível. A
LG não compareceu nas audiências de conciliação e de instrução de julgamento, apenas a
Vivo. Agora, Sula espera a leitura da sentença. "Se eu soubesse
que daria essa dor de cabeça,
nem o teria comprado", diz.
Entraves
Apesar do grande número de
reclamações, a LG se recusa a
aceitar que o MX800 tenha defeito de fabricação e atribui o
problema ao consumidor.
A Folha solicitou uma entrevista com um executivo da LG,
mas o pedido não foi atendido.
A empresa limitou-se a enviar
um comunicado com o seguinte texto: "A LG não considera a
possibilidade de um recall, pois
concluiu-se que os casos apresentados junto às assistências
técnicas credenciadas ocorreram devido ao excesso de pressão na tela do celular."
Procon
Mas, segundo a técnica da
Fundação Procon-SP Márcia
Christina Oliveira, a empresa é
responsável pelos danos, de
acordo com o Código de Defesa
do Consumidor. "O produto
tem de ser adequado para o fim
que se destina", argumenta. "Se
ele é tão delicado a ponto de
não poder ser carregado no bolso ou na bolsa, ele não serve como telefone móvel."
Os consumidores que quiserem orientar-se no Procon-SP
devem levar a nota fiscal do
aparelho e uma cópia da ordem
de serviço da assistência técnica autorizada alegando mau
uso do produto. "Uma empresa
que coloca produtos de má qualidade no mercado não pode se
eximir da responsabilidade",
diz a técnica do Procon-SP.
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