São Paulo, quarta-feira, 21 de abril de 2010

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Ciberespiões desvendam movimentos de piratas

JOHN MARKOFF
DAVID BARBOZA
DO "NEW YORK TIMES"

Atuando como cibercontraespiões, pesquisadores canadenses e norte-americanos vêm monitorando uma operação de hackers durante os últimos oito meses, observando os invasores enquanto roubavam documentos sigilosos e restritos dos níveis mais altos do Ministério de Defesa da Índia. Os pesquisadores do Centro Munk de Estudos Internacionais da Universidade de Toronto revelaram como uma operação de espionagem chamada por eles de "Shadow Network" [algo como rede da sombra], baseada na China, invadia sistematicamente computadores de escritórios do governo indiano em diversos continentes.

Exposição global
Os ciberespiões de Toronto descobriram o material roubado e foram capazes de ver alguns documentos, como os de análises sigilosas na área de segurança em diversos Estados da Índia e documentos confidenciais da embaixada a respeito de negociações da Índia na África Ocidental, na Rússia e no Oriente Médio.
Os intrusos roubaram até documentos sobre viagens das forças da Otan ao Afeganistão.
Embora o governo da Índia fosse o alvo principal dos ataques, isso mostra que uma pequena brecha no sistema de segurança dos computadores é capaz de deixar várias nações expostas.
"Não se trata apenas de estar tão seguro quanto o link mais frágil da sua rede de comunicações", disse Rafal Rohozinski, membro da equipe de Toronto.
"Em um mundo interconectado, você está apenas tão seguro quanto o link mais frágil da rede mundial de informações."
No início de março, o Ministro de Comunicações da Índia, Sachin Pilot, disse que redes de comunicação do governo haviam sido atacadas pela China, mas que "nenhum ataque havia tido sucesso".
Os pesquisadores de Toronto afirmaram ter contatado, mais tarde, funcionários do serviço de inteligência da Índia e lhes informado sobre a rede de espionagem que estavam rastreando. Eles solicitaram e receberam informações sobre como lidar com documentos sigilosos e restritos.
Sitanshu Kar, porta-voz do Ministério de Defesa da Índia, disse que funcionários estavam analisando o relatório, mas não tinham um pronunciamento oficial a ser feito.

Outro lado
O governo chinês, por seu lado, negou qualquer participação nos ciberataques e considerou as acusações "sem fundamento", segundo a Xinhua, agência de notícias oficial.
"Frequentemente, ouve-se falar de relatórios com insinuações ou críticas ao governo chinês. Não tenho ideia de quais evidências eles têm ou de quais motivos estão por trás disso", disse Jiang Yu, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.


Tradução de FABIANO FLEURY DE SOUZA CAMPOS


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