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Moradora de rua bate papo on-line
RICARDO WESTIN
DA SUCURSAL DO RIO
É sagrado. Todos os dias, durante o intervalo para o almoço,
Maria Lúcia Eugênio deixa a limpeza do prédio onde funciona um
dos projetos sociais da Vila Olímpica da Mangueira (zona norte do
Rio) e vai para a sala de informática dedicar-se a navegar na internet, seu passatempo favorito.
Mesmo iniciante no mundo dos
computadores, Maria Lúcia, 52,
fica à vontade ao lado dos adolescentes que ocupam os outros cinco micros batendo papo on-line,
ou seja, fazendo o mesmo que ela.
"Não tem nada mais gostoso."
Ela diz que ficava curiosa observando as aulas de informática enquanto varria as salas e decidiu
aprender a mexer "no bicho".
Desde então, Maria Lúcia não se
importa de usar mais da metade
do seu horário de almoço para visitar salas de bate-papo e ler o resumo das novelas da semana no
site de uma emissora de televisão.
Além de não pagarem nada, os
internautas podem visitar quase
tudo. As únicas restrições são o
tempo de uso, uma hora, e páginas com conteúdo erótico ou violento. É aconselhável marcar hora
com antecedência. Mas, se houver
lugar, é só sentar e usar. Há ajuda
para quem é leigo.
Os cariocas que não querem
gastar para usar a internet têm
ainda outras opções. Em bibliotecas municipais de bairros como
Copacabana e Tijuca, existem
computadores ligados à rede, que
só podem ser usados para complementar pesquisas.
Em São Gonçalo (região metropolitana), a prefeitura construiu
oito prédios em que a internet é
acessada por satélite.
O governo do Estado instalou
computadores em locais como o
estádio do Maracanã e a estação
de trens Central do Brasil, onde é
possível acessar sites do poder público, fazer denúncias na delegacia virtual e pré-matricular os filhos em escolas estaduais.
O Rio é, ao lado de São Paulo, o
Estado onde os Correios estão testando um programa de acesso
gratuito à internet. Das 34 agências fluminenses que dispõem do
serviço, 23 estão na capital.
O perfil dos internautas é variado: de donas-de-casa que procuram receitas de bolo a executivos.
Em Copacabana, uma usuária assídua é uma moradora de rua. Segundo Rafaela Holanda, orientadora dos usuários na agência, a
mulher costuma entrar em salas
de bate-papo. "Num dia, o micro
travou quando ela olhava um site
de sexo, o que é proibido. Ela ficou rindo, sem graça."
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