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CONTRA-ATAQUE
Softwares melhorados popularizam troca de programação televisiva via rede; emissoras reagem com produtos
Programas facilitam download de vídeos
LORNE MANLY
JOHN MARKOFF
DO "NEW YORK TIMES"
Isaac Richards não pensava em
si mesmo como um rebelde, em
choque com a engrenagem bem
lubrificada da indústria da televisão. Ele só estava infeliz com o
sintonizador de TV a cabo fornecido por sua operadora local.
Consternado pela lentidão na
troca de canais e pelo guia de programação pouco informativo, ele
decidiu construir um conversor
de sinais melhor a partir do nada.
Hoje, quase três anos depois
que Richards, um programador
de 26 anos, embarcou em sua
aventura, centenas de milhares de
espectadores de televisão estão
utilizando o software gratuito que
ele criou, o MythTV, para transformar seus computadores em receptores de TV completos, com
capacidade de gravar programas
e cortar comerciais indesejados.
Os membros da comunidade
MythTV, que agora não têm de
pagar uma taxa mensal para alugar sintonizadores nem gravadores digitais, têm uma companhia
mais nociva, que tenta passar a
perna na indústria da televisão.
Milhões de espectadores já estão, atualmente, assistindo a cópias ilegais de programas televisivos e até a temporadas completas
de séries copiadas de DVDs. Tudo
via internet.
Além disso, desenvolvedores de
software estão criando programas
para facilitar o processo, como
um que busca na internet cópias
ilegais de qualquer programa de
televisão que você possa desejar e
automaticamente faz o download
do mesmo no seu computador.
Esses truques de alta tecnologia
atendem a anseios que se tornaram o padrão na era da gratificação instantânea: o desejo de assistir ao que você quiser, quando e
como quiser. E eles estão transformando a televisão, que tradicionalmente levava às casas o que era
conveniente para as emissoras,
em alguma coisa mais flexível,
portátil e sem comerciais.
Não é surpreendente que a repercussão disso, particularmente
o crescente número de programas
disponíveis on-line, amedronte os
executivos do setor de TV. Eles se
lembram muito bem do que o
Napster e outros programas de
troca de arquivos fizeram com a
indústria fonográfica.
Os executivos se afligem com a
possibilidade da troca incontida e
desenfreada de arquivos ameaçar
a opulência do negócio relativamente novo, mas surpreendentemente lucrativo, dos DVDs de séries da televisão.
Isso poderia colocar em perigo
as vendas de programas de televisão para mercados internacionais. E poderia, também, colocar
em perigo o que nos últimos 50
anos vem sendo o esteio econômico da televisão: os comerciais.
Nos últimos meses, Hollywood
foi assunto de muitas manchetes
por combater o tráfico on-line de
filmes. Mas, nos bastidores, estúdios e redes estão concentrando
atenção sobre a proliferação de
downloads de programas de TV.
Muito mais silenciosamente, os
conglomerados que produzem a
grande maioria dos programas de
televisão travam uma luta renhida
para derrotar aqueles que executam os downloads. A estratégia é
oferecer aos espectadores uma série de produtos. Dos vídeos sob
demanda -que podem permitir
que os espectadores comprem
um episódio a qualquer hora- a
um dispositivo que permite reiniciar transmissões ao vivo.
"Temos de nos esforçar para
chegar na frente e dar à audiência
um modelo atraente antes que os
provedores de troca de arquivos
ilegais atendam a suas necessidades", disse David Poltrack, vice-presidente da CBS TV. "O tempo
está correndo", acrescentou.
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