São Paulo, quarta-feira, 23 de maio de 2007

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Reportagem de capa

Humanos e softs tornam rede inteligente

ESPERTINHA - Web 3.0 é rede com dados compreensíveis para computadores; hábitos dos internautas ensinam máquinas

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se a web 2.0 tem como marca a interação entre pessoas, a próxima geração da internet, chamada de web 3.0 ou web semântica, vai transformar o computador em um parceiro mais esperto.
Ele será capaz de analisar e compreender as informações de sites diferentes, levando a rede a um novo modelo, segundo Vasco Furtado, professor e pesquisador de inteligência artificial e web semântica da Unifor (Universidade de Fortaleza).
O pesquisador cita como pode ser uma viagem de turismo agendada pela web 3.0. "O internauta diria "em julho, quero fazer uma viagem de dez dias ao Nordeste, de avião, que passe obrigatoriamente em Fortaleza e Canoa Quebrada. Só posso gastar R$ 3.000, prefiro pagamento parcelado e viajar durante o dia.'"
Para realizar essa pesquisa, o software terá que interpretar a pergunta e realizar a busca compreendendo dados de diversos sites, e não atrás de palavras-chave.
Hoje, a maioria dos mecanismos procura seqüências de letras -em uma busca por "capital da Alemanha", um mecanismo comum não encontra uma página que fale sobre Berlim sem citar aquelas palavras.
"A web semântica busca fazer programas de computador que consigam realizar automaticamente tarefas que atualmente só podem ser feitas pelas pessoas", explica Furtado.
Ou seja, será uma mudança nos bastidores das páginas da rede: códigos vão traduzir para o computador o sentido (semântica) das palavras. "Os dados hoje não estão preparados para serem compreendidos por softwares", diz Leonardo Ayres, que pesquisa web semântica sob orientação de Furtado.
Para Ayres, "aplicar semântica é dizer que um carro equivale a um automóvel e que é um tipo de meio de transporte". Dessa forma, continua, uma busca realizada com a palavra "carro" retornaria também sites de automóveis.
Para quem quer se aprofundar no assunto, o site Ontoworld.org une teoria e prática: funciona como uma Wikipédia, construída semanticamente, do assunto.
Contexto simplificado
As etiquetas (tags), comuns na web 2.0, são um modo simplificado de aplicar semântica ao conteúdo da internet. Por exemplo, uma imagem de um bolo pode ser marcada com "bolo, festa, caloria", entre outros termos.
Alguns sites populares -como o Last.fm- usam etiquetas e softs que aprendem (uma subárea da inteligência artificial) para personalizar a experiência do usuário. Quem aprofunda o uso desses serviços tem, ao longo do tempo, resultados direcionados para seus gostos.
As etiquetas servem a serviços ainda mais complexos. O Alipr.com claramente melhorou sua capacidade de analisar imagens com ajuda dos usuários. Ele reconhece, sozinho, possíveis tags para fotos e pede que os internautas avaliem a pertinência das sugestões, incrementando a inteligência do serviço. O site foi testado pela Folha à época do lançamento, em novembro de 2006.
Buscadores
"Nós temos pessoas no Google que estão, verdadeiramente, construindo inteligência artificial, e em larga escala. E isso não está tão distante quanto imaginam." A frase de Larry Page, co-fundador do Google, dita durante a conferência anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, neste ano, mostra a pertinência do tema para a empresa.
O Google já usa um sistema que aprimora seus resultados aprendendo com os hábitos de seus usuários.
Outro grande buscador, o Yahoo!, tem um grupo de pesquisas dedicado a máquinas que podem aprender. Um projeto que analisa o contexto de sites pode ser testado (mindset.research.yahoo.com).
Dois outros buscadores falam diretamente em inteligência artificial para descrever seus serviços: o www.accoona.com e o www.hakia.com. Este último mostra como funciona sua tecnologia que promete melhores resultados para assuntos especializados, como medicina. (GVB)


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