São Paulo, quarta-feira, 23 de setembro de 2009

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tecnologia

Lente de contato vê realidade aumentada

EXPERIÊNCIA Cientistas norte-americanos desenvolvem sistema para mandar informações diretamente para os olhos

BRUNO ROMANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
EM BERKELEY


O encontro entre informações visuais virtuais e imagens do mundo real, conceito conhecido como realidade aumentada, poderá acontecer diretamente no olho humano -sem telas de celular ou computador.
Um dos projetos explorando a ideia, que parece saída das páginas do escritor de ficção científica William Gibson ("Neuromancer"), é de autoria de Babak Parviz, pesquisador da Universidade de Washington, Seattle. Ele está desenvolvendo lentes de contato com capacidade para gerar imagens virtuais sobre o campo de visão de quem as utiliza.
Em teoria, com a lente, motoristas poderiam dirigir e receber direções diante dos olhos, ou oradores poderiam ler discursos sem ajuda de papel ou monitores.
Parviz também aposta no uso das lentes como ferramenta para acompanhamento da saúde. Ele trabalha no desenvolvimento de sensores para monitorar e alertar sobre níveis de glicose -algo que ele diz esperar tornar-se realidade daqui a cinco ou dez anos.

Protótipo
Por ora, a equipe do pesquisador já conseguiu produzir um protótipo que inclui LED (tecnologia de iluminação utilizada em televisores modernos), um chip e uma antena que transmite a energia para o LED de maneira sem fio. Tudo isso num espaço de 1,5 centímetro quadrado.
Uma vez superado o desafio do pequeno espaço, as lentes também devem ganhar outras microestruturas, como transistores de cristal único de silício e fotodetectores de silício.
Os primeiros usuários das lentes foram coelhos, submetidos a sessões de 20 minutos com elas nos olhos. Parviz diz os animais não tiveram efeitos colaterais.
Os coelhos, porém, não viram realidade aumentada ou tiveram seus níveis de glicose medidos. Os testes foram conduzidos para que os pesquisadores pudessem se assegurar da compatibilidade do material com os olhos.

Outra pesquisa
Mas Parviz não é o único pesquisador a querer transformar os olhos humanos em telas de computador.
Também no Estado de Washington, a empresa Microvision desenvolve o seu monitor retinal virtual, nome da categoria de aparelhos usados diretamente nos olhos que geram imagens sobre o mundo real.
A empresa foi contratada pelas Forças Armadas dos EUA para desenvolver óculos com capacidade de receber informações visuais. O equipamento daria mais agilidade aos soldados, que, em momentos de conflito, precisam acessar uma grande quantidade de informações em pouco tempo.
No site da companhia (www.microvision.com), existe também menção sobre o uso do produto pelo consumidor comum. Mas tanto os produtos militares quanto os destinados ao consumidor ainda estão em fase de desenvolvimento. Até o fim do ano, uma versão beta dos óculos deverá ser entregue ao Exército.


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