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"Pessoas mentem por vaidade na Internet"
da Reportagem Local
Thalassa, que significa mar em
grego, conheceu Kitaro, nome inspirado em um músico de estilo
new age.
Não foi em bar, nem em cinema.
O cenário que serve como pano de
fundo para o papo dos dois são as
salas de chat na Internet.
O que eles têm de semelhança? Já
foram pegos na mentira e também
flagraram seus interlocutores contando inverdades.
Os dois não quiseram ter suas
identidades reveladas. Na vida
real, são profissionais e levam uma
vida comum. Thalassa é mulher,
tem entre 30 e 40 anos, quase 1,70
m e se diz gordinha.
"Quando fazem a pergunta padrão: como você é, nem sempre digo a verdade. Depende do meu humor", confessa.
Para Thalassa, as pessoas não
mentem em chat. "Na verdade,
elas criam personagens. Cada um
tem a sua história", diz. Ela consegue manter a sua, pois seu personagem é fetichista.
Kitaro é mais tímido. Diz que
tem 21 anos e escolheu seu apelido
porque é muito usado em meditação. É técnico em eletrônica e frequenta a Internet há nove meses.
Basicamente faz chat.
Em uma conversa com uma personagem que atendia pelo nome
de Jennifer, não conseguiu detectar que seu interlocutor era um homem. Assim que Jennifer contou a
verdade, Kitaro assustou-se e preferiu cortar a conversa.
"Geralmente, não pergunto como a pessoa é. Preocupo-me mais
com o que gosta de fazer", diz.
É frequentador assíduo de ciberpapos. Chega a ficar cinco horas,
durante a madrugada.
Kitaro gosta de conversas pela
Internet "porque as pessoas se soltam mais. Elas mentem quando se
trata de vaidade física". Mas, quando falam sobre seus sentimentos,
diz, "transmitem sinceridade".
O nome Thalassa rende muita
conversa. "Todos querem saber o
significado", diz a dona da personagem. Quando vale a pena, ajusta
a personalidade, "dependendo do
interlocutor".
Uma das vezes em que Thalassa
foi pega na mentira aconteceu
quando criou duas personalidades
diferentes. Uma era mais meiga,
outra, mais agressiva.
"Ao mandar as mensagens, troquei as identidades. Eles devem ter
percebido, mas caí fora."
Em outra ocasião, diz, "criei uma
personagem que era uma adolescente, sonsa de tudo. Não me lembro do que escrevi para um sujeito.
Ele disse que minha resposta não
era de quem tinha 21 anos. Era
uma frase típica de quem diz que
problemas com pais passam".
(MARIJÔ ZILVETI)
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