São Paulo, Quarta-feira, 24 de Março de 1999
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"Pessoas mentem por vaidade na Internet"

da Reportagem Local

Thalassa, que significa mar em grego, conheceu Kitaro, nome inspirado em um músico de estilo new age.
Não foi em bar, nem em cinema. O cenário que serve como pano de fundo para o papo dos dois são as salas de chat na Internet.
O que eles têm de semelhança? Já foram pegos na mentira e também flagraram seus interlocutores contando inverdades.
Os dois não quiseram ter suas identidades reveladas. Na vida real, são profissionais e levam uma vida comum. Thalassa é mulher, tem entre 30 e 40 anos, quase 1,70 m e se diz gordinha.
"Quando fazem a pergunta padrão: como você é, nem sempre digo a verdade. Depende do meu humor", confessa.
Para Thalassa, as pessoas não mentem em chat. "Na verdade, elas criam personagens. Cada um tem a sua história", diz. Ela consegue manter a sua, pois seu personagem é fetichista.
Kitaro é mais tímido. Diz que tem 21 anos e escolheu seu apelido porque é muito usado em meditação. É técnico em eletrônica e frequenta a Internet há nove meses. Basicamente faz chat.
Em uma conversa com uma personagem que atendia pelo nome de Jennifer, não conseguiu detectar que seu interlocutor era um homem. Assim que Jennifer contou a verdade, Kitaro assustou-se e preferiu cortar a conversa.
"Geralmente, não pergunto como a pessoa é. Preocupo-me mais com o que gosta de fazer", diz.
É frequentador assíduo de ciberpapos. Chega a ficar cinco horas, durante a madrugada.
Kitaro gosta de conversas pela Internet "porque as pessoas se soltam mais. Elas mentem quando se trata de vaidade física". Mas, quando falam sobre seus sentimentos, diz, "transmitem sinceridade".
O nome Thalassa rende muita conversa. "Todos querem saber o significado", diz a dona da personagem. Quando vale a pena, ajusta a personalidade, "dependendo do interlocutor".
Uma das vezes em que Thalassa foi pega na mentira aconteceu quando criou duas personalidades diferentes. Uma era mais meiga, outra, mais agressiva.
"Ao mandar as mensagens, troquei as identidades. Eles devem ter percebido, mas caí fora."
Em outra ocasião, diz, "criei uma personagem que era uma adolescente, sonsa de tudo. Não me lembro do que escrevi para um sujeito. Ele disse que minha resposta não era de quem tinha 21 anos. Era uma frase típica de quem diz que problemas com pais passam".
(MARIJÔ ZILVETI)




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