São Paulo, quarta-feira, 24 de abril de 2002

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TV DIGITAL

Países adotam tecnologia que permite fazer compras e receber programas no horário desejado; Inglaterra é líder

EUA e Europa já têm sistema interativo

Moacyr Lopes/Folha Imagem
Mauro Eduardo Landucci usa a interatividade para jogar, ver a previsão do tempo e checar as tabelas dos campeonatos de futebol


JENNIFER LEE
DO "THE NEW YORK TIMES/CIRCUITS"

A televisão digital e interativa chegou aos EUA. Ela não é muito difundida, mas, após décadas de projetos fracassados, está se alastrando. Segundo a empresa de consultoria Forrester Research, 15% dos 105 milhões de domicílios norte-americanos com TV terão acesso a algum tipo de serviço interativo até o final do ano -quase o dobro do público alcançado no ano passado. O crescimento tem sido estimulado pela forte competição entre os serviços de TV por assinatura e pelo custo da tecnologia, que está caindo.
Comparados aos sonhos grandiosos do passado, os serviços interativos atualmente disponíveis nos EUA parecem bem modestos.
Eles incluem transmissão de programas por encomenda (video on demand), conteúdo adicional para canais como o ESPN (de esportes) e o Weather Channel (de meteorologia), guias com informações locais e comércio eletrônico de livros, comida e outros produtos.
A interatividade total é algo que os norte-americanos não terão tão cedo. Essa tecnologia, que permitiria ao usuário opinar enquanto assiste a programas, é um sonho antigo das redes de TV e de seus anunciantes.
Serviços como o AOLTV e o MSN TV unem televisão e internet e oferecem programação interativa, mas não atraem o interesse das emissoras, pois reúnem menos de 1 milhão de assinantes. Em termos de interatividade, os EUA estão muito atrás da Inglaterra.
Na Inglaterra, os fãs de esportes podem selecionar quatro ângulos de câmera durante os jogos de futebol, e as crianças podem votar em qual programa querem ver no canal infantil Nickelodeon. Os ingleses também não se esqueceram do comércio: em setembro, o canal de televendas QVC passou a receber encomendas via controle remoto. As vendas diretas pela TV já representam 10% do faturamento do canal.
A British Sky Broadcasting (BSkyB), cujo serviço digital tem mais de cinco milhões de assinantes, oferece centenas de canais como alternativa às cinco redes de TV aberta da Inglaterra. Quase 25% dos lares ingleses com televisão assinam o pacote digital, o que tem estimulado as emissoras a criar programas interativos.

Fragmentação
Nos EUA, existe confusão de padrões técnicos e falta de empresas que dominem o mercado, o que retarda a adoção da interatividade total em larga escala. Mas isso não quer dizer que os americanos com acesso à interação parcial estejam descontentes.
No ano passado, a empresa Insight implantou a televisão digital em Louisville, no Estado de Kentucky. Desde então, quase 30% de seus assinantes já adotaram o serviço, e 65% dos novos clientes optam por ele, mesmo pagando US$ 20 a mais por mês.
"Os consumidores não assinam a TV digital por causa da interatividade, mas decidem mantê-la por causa dela", diz Michael Willner, da Insight. Os assinantes recebem decodificadores digitais que possuem 6,8 Mbytes de memória RAM e software especial.
O serviço da Insight dificilmente se tornará um modelo nacional nos EUA, pois as redes de TV a cabo são fragmentadas. Mesmo assim, quase todas as grandes empresas do ramo planejam oferecer vídeo por encomenda.
A Time Warner testa desde julho o serviço HBO on Demand, que permite acessar filmes no horário desejado. Uma subsidiária da Cablevision criou serviços dirigidos a observadores de pássaros, motociclistas, vegetarianos e católicos apostólicos.
A demanda por interatividade é impulsionada pela ubiquidade da televisão nos Estados Unidos. Mais de 98% dos lares têm aparelhos de TV, enquanto apenas 60% têm computadores. O micro ainda não tem o status da TV: embora os usuários tenham se acostumado a pagar por programação televisiva, ainda resistem a gastar com entretenimento na internet.

Tradução de Bruno Garattoni


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