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ENTREVISTA
Experiência pioneira é de 2000
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Até o momento ninguém foi
declarado oficialmente inventor
dos videoblogues, mas pelo menos três pessoas reivindicam o
título. Jeff Jarvis, do Buzzmachine.com, Glenn Reynolds, do
Instapundit.com, e Adrian Miles, do Vlog 2.1 (hypertext.rmit.edu.au/vog/vlog). Todos
brigam pelo título de primeiro
internauta a publicar vídeos em
um diário on-line.
Nos registros do mecanismo
WayBack Machine (www.archive.org), que armazena cópias de versões antigas de páginas da web, o Vlog 2.1 apresentou uma página com as características de um videologue em
maio de 2001, enquanto que os
registros mais antigos do Instapundit.com são de maio de 2002
e os do Buzzmachine.com são
de janeiro do mesmo ano.
O sistema do WayBack Machine é sujeito a falhas nos registros, pois não armazena diariamente o conteúdo de todos os
sites. Apenas Miles tem sua suposta descoberta documentada
com links e vídeos (com data de
novembro de 2000) e diferencia
um blogue com vídeo de um videoblogue ou de um vlog, como
ele o chama.
Tudo começou com uma filmagem da janela de seu escritório, na Austrália, feita no dia 27
de novembro de 2000. Desde
então, Miles se especializou no
estudo de novas mídias pelo Royal Melbourne Institute of Technology, escreveu um manifesto
sobre os videoblogues e publicou centenas de vídeos em seu
site. Em entrevista por e-mail
para a Folha, Miles comentou
quais foram suas intenções em
2000 e deu suas opiniões sobre o
futuro dos videoblogues.(JB)
Folha - Quando e como o senhor teve a idéia de colocar vídeos em um blogue?
Adrian Miles - Comecei com
blogues entre 1998 e 1999, mas
não sabia bem o que fazer com
eles. Em 2000, imaginei que poderia incluir vídeos neles e explorar a possibilidade de mostrar coisas diferentes, como fotos, sons e imagens em movimento ao mesmo tempo. Isso
tornaria os vídeos parte do conteúdo dinâmico e faria com que
eles, assim como os textos, servissem como links de uma página para outra.
Folha - A internet já oferece
boas condições para exibição de
vídeos?
Miles - As tecnologias de banda larga são boas até o ponto em
que a internet atual suporta. Vídeos de boa qualidade já podem
ser produzidos e exibidos com
resolução de 320x240 pixels
tranqüilamente. No entanto,
novas técnicas, como o BitTorrent e os subscriptions feeds,
poderão contribuir para uma
melhor distribuição de conteúdo. Por isso, creio que dentro de
cinco anos, provavelmente, estaremos fazendo tudo de uma
forma diferente da que fazemos
agora.
Folha - Que conselhos o senhor
dá para quem pretende criar um
videoblogue?
Miles - Não confunda o videoblogue com um programa de
TV ou com um filme. Pense que
eles são mais parecidos com comerciais de 30 segundos. Não
há problema em narrar sua vida
pessoal, mas tente fazê-lo de
uma forma mais interessante.
Você não precisa utilizar equipamentos caros. Os modelos
atuais de câmeras digitais já
vêm com funções para gravação
de vídeo. Aliás, ter limitações é
bom para manter disciplina e
não criar vídeos com uma hora
de duração.
Folha - Algum dia os videoblogues serão tão populares quanto
os blogues e fotoblogues?
Miles - Creio que os blogues de
texto sempre serão mais numerosos. Existem mais pessoas que
escrevem diários do que pessoas
que fotografam ou filmam, e isso continuará. Por outro lado,
os videoblogues se tornarão
uma parte significante das páginas pessoais quando as pessoas
começarem a compartilhar seus
vídeos caseiros. No campo da
criatividade, os videoblogues
também apresentam muitas
possibilidades. A interatividade
pode, por exemplo, evitar que o
usuário precise parar todas as
outras coisas que está fazendo
para ver um filme inteiro em tela cheia.
Folha - Qual a nomenclatura
que o senhor considera correta:
videoblogue ou vlog?
Miles - Isso ainda não está claro. Eu comecei o primeiro blogue com vídeo e batizei o processo de vogging. Eu também
escrevi um manifesto sobre o
que o vogging deveria ser e, naquele momento, pensei que eles
seriam blogues com alguma forma de vídeo interativo, diferentes dos videoblogues, que são
apenas blogues com vídeos comuns, que não apresentam nenhuma interação.
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