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JUSTIÇA
Primeiro condenado por envio de e-mails não solicitados e falsos mandava pelo menos 10 milhões de mensagens por dia
Julgamento revela operação de spammer
MATTHEW BARAKAT
DA ASSOCIATED PRESS
Como um dos mais prolíficos
spammers do mundo, Jeremy
Jaynes produziu pelo menos 10
milhões de e-mails por dia com a
ajuda de 16 linhas de alta velocidade -capacidade que seria adequada para uma empresa com mil
empregados.
O negócio de Jaynes era muito
lucrativo: os promotores dizem
que ele tinha uma receita de até
US$ 750 mil por mês. O julgamento, que durou oito dias e terminou
com sua condenação neste mês,
esclareceu como eram as operações do rapaz de 30 anos, ex-provedor de e-mails indesejados que
trabalhava com a ajuda de poucas
pessoas, em uma casa em Raleigh,
na Carolina do Norte, nos EUA.
Um júri estadual em Leesburg
recomendou uma pena de nove
anos de prisão, no primeiro julgamento por crime de disseminação
de spam (envio indiscriminado
de mensagens publicitárias). A
sentença deve sair em fevereiro.
No julgamento, os promotores
se concentraram nos três produtos que Jaynes mascateava: programas que prometiam apagar
informações pessoais de computadores, um serviço para escolher
ações baratas para investir e um
processador de reembolso da Federal Express, que prometia um
trabalho de US$ 75 por hora, mas
fazia pouco mais do que dar acesso a um site de contas da FedEx
com saldos em atraso.
Relativamente poucas pessoas
respondiam às armações de Jaynes. Em um mês típico, disseram
os promotores, Jaynes pode ter
recebido ente 10 mil e 17 mil pedidos pagos com cartão de crédito e,
portanto, conseguiu fazer dinheiro, talvez, com apenas um em cada 30 mil e-mails que ele enviou.
Mas ele ganhava US$ 40 por
mensagem respondida, e o empreendimento era tão grande que
Jaynes ainda poderia embolsar de
US$ 400 mil a US$ 750 mil por
mês, gastando apenas US$ 50 mil
com banda larga e outras despesas gerais. Os promotores acreditam que Jaynes obteve ganhos líquidos de até US$ 24 milhões.
Milhões de e-mails
Jaynes obteve listas de endereços de e-mail -milhões deles-
de um banco de dados de clientes
roubado da America Online. Ele
também obteve e-mails de usuários do eBay. Sob as leis da Virgínia, enviar publicidade não autorizada, por si só, não é ilegal. O e-mail precisa ser não solicitado e
conter informações falsas quanto
à sua origem ou transmissão.
Jaynes fez isso de diversas formas. Ele fornecia informações e
nomes de empresas falsos para
contato quando se registrava em
sites na internet, tornando quase
impossível o seu rastreamento
para aqueles que recebiam suas
mensagens. Ele falsificava informações de roteamento nos cabeçalhos das mensagens e usava um
software para gerar nomes de domínio mentirosos, escondendo os
servidores de e-mail usados para
enviar as mensagens.
"Ele fazia isso para enganar os
filtros de spam", disse Lisa Hicks-Thomas, chefe de seção da unidade de advocacia geral de crimes
digitais da Virgínia.
Os promotores não discutiram
as técnicas de investigação que levaram à captura de Jaynes. Mas
John Levine, autor do livro "The
Internet for Dummies" (A Internet para Palermas) e especialista
que foi testemunha de acusação,
disse que Jaynes era relativamente
pouco sofisticado em comparação aos distribuidores de spam
que usam servidores zumbis em
outros países -similares a uma
limpeza de e-mails para esconder
a origem verdadeira das mensagens. Tais zumbis são, freqüentemente, inocentes usuários da internet cujos computadores, por
meio de um vírus ou outro código
malicioso, tornam-se transmissores de spam.
Recurso
O advogado de defesa de Jaynes,
David Oblon, nunca contestou o
fato de que seu cliente era um distribuidor de e-mails em massa.
Mas ele argumentou que a lei foi
mal elaborada e que os promotores nunca provaram que os e-mails não tinham sido solicitados.
Jaynes pode levantar a questão da
livre expressão em sua apelação, e
Oblon disse que ele e Jaynes estão
confiantes de que a condenação
será derrubada eventualmente.
Oblon também discordou da sentença recomendada, chamando-a
de "excepcionalmente rigorosa".
Tradução de Angela Caracik
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