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REALIDADE VIRTUAL
Laboratório da USP vai entregar ao Instituto da Criança sistema para treinar médicos em cirurgias
Soft simula transplante de medula óssea
MARIJÔ ZILVETI
DA REPORTAGEM LOCAL
O LSI (Laboratório de Sistemas
Integráveis) da Faculdade de Engenharia Elétrica da USP vai entregar, no segundo semestre, ao
Instituto da Criança do Hospital
das Clínicas um simulador de
transplante de medula óssea.
Com esse equipamento, médicos recém-formados e estudantes
de medicina vão poder simular
transplantes em um equipamento
baseado em um computador, um
programa de realidade virtual e
um dispositivo de tato virtual
(uma espécie de joystick mais sofisticado e que custa no mercado
cerca de US$ 15 mil).
Operação "às cegas"
O transplante de medula óssea é
uma operação "às cegas". O médico usa uma agulha especial e faz
a punção no paciente.
O papel do simulador é treinar o
profissional para encontrar o local com uma margem de acerto
maior para fazer a punção, segundo Marcelo Zuffo, coordenador
do grupo de computação visual e
mídia eletrônica do LSI.
"O profissional que pratica em
equipamentos com realidade virtual tem de 30% a 60% de chance
de fazer uma cirurgia com mais
precisão", diz Zuffo.
Liliane dos Santos Machado está trabalhando no projeto há 18
meses e desenvolveu o programa
com ferramentas como "Open
GL", "C" e "C++".
"No início, os médicos viram
com reticências o projeto", diz
Machado. Para que a equipe médica do Instituto da Criança passe
a usar o simulador, falta apenas
realizar uma assinatura no programa. "Essa assinatura equivale
a um procedimento cirúrgico,
pois os médicos precisam avaliar
a implementação das camadas",
afirma Machado.
A doutoranda Machado está
modelando a assinatura matematicamente no LSI. "É um trabalho
que consome pelo menos oito horas por dia", diz.
A tela do computador traz a figura da bacia de um paciente. "A
anatomia da bacia de uma criança
é padrão", diz Zuffo, e, por isso,
não é necessário fazer raios X para
cada caso.
Ao manipular o dispositivo de
tato virtual, acoplado ao micro, o
usuário vê na tela a agulha e pode
sentir na mão que está penetrando as camadas dérmicas e o osso.
Na opinião de Vicente Odone
Filho, chefe da unidade de oncologia infantil do Instituto da
Criança, o equipamento vai aumentar a facilidade de treinamento da equipe. Essa unidade realiza
uma média de dois transplantes
de medula óssea por mês.
"É o primeiro passo", diz Odone
Filho. "O grande desafio será
adaptar essa técnica para cirurgias de grande complexidade, entre elas a simulação de transplante
de fígado."
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