São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 2000


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REALIDADE VIRTUAL
Laboratório da USP vai entregar ao Instituto da Criança sistema para treinar médicos em cirurgias
Soft simula transplante de medula óssea

MARIJÔ ZILVETI
DA REPORTAGEM LOCAL

O LSI (Laboratório de Sistemas Integráveis) da Faculdade de Engenharia Elétrica da USP vai entregar, no segundo semestre, ao Instituto da Criança do Hospital das Clínicas um simulador de transplante de medula óssea.
Com esse equipamento, médicos recém-formados e estudantes de medicina vão poder simular transplantes em um equipamento baseado em um computador, um programa de realidade virtual e um dispositivo de tato virtual (uma espécie de joystick mais sofisticado e que custa no mercado cerca de US$ 15 mil).

Operação "às cegas"
O transplante de medula óssea é uma operação "às cegas". O médico usa uma agulha especial e faz a punção no paciente.
O papel do simulador é treinar o profissional para encontrar o local com uma margem de acerto maior para fazer a punção, segundo Marcelo Zuffo, coordenador do grupo de computação visual e mídia eletrônica do LSI.
"O profissional que pratica em equipamentos com realidade virtual tem de 30% a 60% de chance de fazer uma cirurgia com mais precisão", diz Zuffo.
Liliane dos Santos Machado está trabalhando no projeto há 18 meses e desenvolveu o programa com ferramentas como "Open GL", "C" e "C++".
"No início, os médicos viram com reticências o projeto", diz Machado. Para que a equipe médica do Instituto da Criança passe a usar o simulador, falta apenas realizar uma assinatura no programa. "Essa assinatura equivale a um procedimento cirúrgico, pois os médicos precisam avaliar a implementação das camadas", afirma Machado.
A doutoranda Machado está modelando a assinatura matematicamente no LSI. "É um trabalho que consome pelo menos oito horas por dia", diz.
A tela do computador traz a figura da bacia de um paciente. "A anatomia da bacia de uma criança é padrão", diz Zuffo, e, por isso, não é necessário fazer raios X para cada caso.
Ao manipular o dispositivo de tato virtual, acoplado ao micro, o usuário vê na tela a agulha e pode sentir na mão que está penetrando as camadas dérmicas e o osso.
Na opinião de Vicente Odone Filho, chefe da unidade de oncologia infantil do Instituto da Criança, o equipamento vai aumentar a facilidade de treinamento da equipe. Essa unidade realiza uma média de dois transplantes de medula óssea por mês.
"É o primeiro passo", diz Odone Filho. "O grande desafio será adaptar essa técnica para cirurgias de grande complexidade, entre elas a simulação de transplante de fígado."


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