São Paulo, quarta-feira, 26 de agosto de 2009

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administração

Cidades do interior têm internet gratuita

ACESSO SEM FIO Mesmo com carência de infraestrutura básica, como água encanada, municípios investem na tecnologia

FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA

Em Mâncio Lima, cidade do Acre, na fronteira com o Peru, apenas 5% dos habitantes recebem água encanada em casa. Mas o morador que tiver um computador pode acessar a internet de graça pelo sistema sem fio instalado pela prefeitura no mês de maio.
Assim como o município de 13 mil habitantes do Acre, prefeituras de todo o país, especialmente de pequenas cidades, vêm se mobilizando para instalar sistemas gratuitos de internet para a população.
A implantação do sistema já havia causado polêmica em grandes cidades na campanha eleitoral do ano passado, quando candidatos como Marta Suplicy (PT), em São Paulo, chegaram a prometer o acesso universal e gratuito à internet.
Em três cidades, os prefeitos aproveitaram as festas de aniversário do município para lançar os sistemas. Em Jaboticabal (SP), a prefeitura diz já ter investido R$ 1 milhão no sistema nos últimos quatro anos. Poços de Caldas (MG) gastou R$ 315 mil com o projeto.
Em Parintins (AM), de 102 mil habitantes e famosa por seu festival folclórico, a prefeitura instalou antenas em praças que permitem o acesso.
Segundo a administração municipal, a novidade atrai usuários com notebooks ao local. "Diariamente, umas 50 pessoas sentam na praça, levam suas cadeiras. Tem gente que começa a acessar às 7h da noite e sai às 3h da manhã", diz Francisco Neto, coordenador do projeto. O mesmo ocorre em Manacapuru, também no Amazonas.
A prefeitura de Parintins gastou R$ 7.000 na importação de cada antena que possibilita o acesso. A mesma quantia foi paga em Mâncio Lima. Segundo a chefe de gabinete, Maria Ivete Pinheiro, havia muita demanda por internet na cidade.
Em parte das cidades, há restrições para conteúdos considerados inadequados, como sites eróticos. Rio Verde (GO), que iniciou o serviço no início do mês, veta o download ilegal de músicas e filmes.
Para o sociólogo Sérgio Amadeu, que é doutor pela USP e pesquisa inclusão digital, o modelo adotado pelas prefeituras no Brasil é adequado para pequenas cidades. Ele afirma que, em levantamento com municípios que adotaram o sistema, mais moradores acabaram comprando computadores.
Diz ainda que, em cidades carentes, a implantação da internet gratuita "é uma forma de romper a reprodução da miséria" e pode gerar empregos.

Nos EUA
Cercada de polêmica, a implantação de sistemas de acesso gratuito de internet nos Estados Unidos não foi bem-sucedida em algumas cidades.
Em San Francisco, Chicago e na Filadélfia, problemas nas parcerias privadas que sustentavam os projetos nos últimos anos acabaram provocando o fim da experiência.
O modelo é criticado por representar uma ação estatal em uma área tradicionalmente regida pela iniciativa privada. Os defensores da política dizem que ela beneficia localidades que não seriam atendidas pelo sistema convencional.


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