São Paulo, quarta, 27 de janeiro de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Universidade cria dois programas para bioquímica

CHIQUINO JÚNIOR
da Folha Campinas

A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) oferece na Internet dois softwares para o ensino de bioquímica nos cursos de graduação da universidade e em outras instituições de ensino superior, como a USP.
A bioquímica é uma disciplina aplicada nos cursos de biologia, educação física, medicina, química, física e farmácia.
Os programas são os primeiros resultados do projeto de doutorado do pesquisador Eduardo Galembeck, 29.
Os programas simulam reações que ocorrem no organismo humano e de outros animais, permitindo que os alunos possam interagir criando diferentes situações para perceber os resultados.
Entre os programas já registrados, está o "COM - Consumo de Oxigênio por Mitocôndria". Por meio dele, cada aluno pode fazer sua experiência de consumo de oxigênio e produção de energia.
Galembeck disse que, sem o software, um grupo de 20 alunos tinha de ficar em volta de um oxígrafo, aparelho usado para medir as reações durante o processo de consumo de oxigênio. "Eles apenas observavam. Com o programa, é possível comandar a experiência injetando diferentes substâncias para obter várias reações", disse.
Em laboratório, uma experiência com um tipo de substância leva cerca de quatro horas para ser concluída. Primeiro é necessário matar um rato e isolar o seu fígado. Para cada substância injetada, a operação teria de ser repetida.

Radicais livres
Outro programa desenvolvido por Galembeck e já registrado pela Unicamp é o de funcionamento de radicais livres (substâncias que surgem das várias reações bioquímicas que acontecem no corpo humano), desenvolvido para um curso de verão na universidade.
Para Anders Silva, 19, aluno do curso de biologia da Unicamp, uma das vantagens dos programas é o fato de um computador ser usado no máximo por dois alunos. "No laboratório, ficamos distantes do professor, não dá para esclarecer dúvidas de maneira ideal."
O estudante Luciano Alves, 21, afirmou que quando há um erro na experiência de laboratório, todo o processo tem de começar novamente. "Com o software, isso não acontece. E a gente ganha tempo."
Alexandre Martins Cavagis, 24, usou o método tradicional na graduação e o computador na pós-graduação. Segundo ele, a rapidez dos resultados, por meio da simulação, permite realizar mais de uma experiência.
O professor Galembeck elaborou ainda um programa para bioquímica em cursos de educação física.

Músculos
Com o soft de simulação, os alunos de graduação podem perceber o que acontece com um músculo e o nível das substâncias envolvidas na contração muscular em provas de salto, golfe, 100 metros rasos, 400 metros rasos e maratona. O soft está sendo aplicado nas aulas de educação física da Unicamp.
Galembeck produziu ainda um simulador de cadeia de transporte de elétrons no corpo humano.
O Proin (Programa de Apoio à Integração Pós-Graduação/Graduação) da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) liberou R$ 93 mil para o projeto no ano passado.
Com o recurso, será montada uma sala multimídia no departamento de bioquímica do Instituto de Biologia da Unicamp, onde serão criados mais programas.
De acordo com Galembeck, alunos de licenciatura em biologia estão tendo aulas atualmente sobre como elaborar programas.
Os softwares podem ser acessados no endereço www.unicamp.br/ib/bioquimica/ensino.
O professor Bayardo Baptista Torres, 61, da equipe de graduação da USP (Universidade de São Paulo) e da pós-graduação da Unicamp, disse que o programa tem sido aplicado a alunos da USP, apresentando bons resultados pedagógicos.
Segundo ele, o projeto de Galembeck está fomentando pesquisas na área de ensino à distância.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.