Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Leitor de blogs é "madrasta", diz pesquisadora da blogosfera
DA REPORTAGEM LOCAL
Na opinião da jornalista Denise Schittine, autora de "Comunicação e Escrita Íntima na
Internet" (ed. Civilização Brasileira), são os leitores que determinam o sucesso ou o fracasso de uma página pessoal.
De Portugal, onde vive, a autora conversou com a Folha sobre blogs e sua audiência.
(MB)
FOLHA - De que forma os leitores
participam do blog?
DENISE SCHITTINE - Os blogs são
uma escrita em aberto, em que
outros participam, além do autor. Os comentários dos leitores fazem com que os posts sejam reescritos, em um sistema
de retroalimentação e de diálogo. É possível saber o que o leitor pensa segundos depois. É
genial ver as pessoas dando a
cara para bater.
FOLHA - Essa troca interfere no sucesso do site?
SCHITTINE - Leitor é madrasta. É
ele quem determina a liberdade do autor. Blog mal escrito
morre mesmo.
FOLHA - Os blogs ainda são considerados uma escrita inferior?
SCHITTINE - O preconceito está
caindo. Os jornalistas deixaram
de ter e, aos poucos, escritores
estão deixando. Até porque
muitos blogueiros escrevem livros e usam o site como fundo
de quintal, oficina de texto.
FOLHA - Você já blogou?
SCHITTINE - Sim, mas apenas para pesquisa. Se você não bloga,
não entra nesse mundo.
FOLHA - Como foi a experiência?
SCHITTINE - Eu decidi blogar como um homem. Com a minha
personalidade, mas como se
fosse um homem. Fiz o maior
sucesso com as mulheres.
FOLHA - É comum que leitores
e autores se apaixonem?
SCHITTINE - Blog não é programa de relacionamento, mas isso acontece. É como no filme
"Nunca Te Vi, Sempre Te
Amei", em que a leitora se corresponde com o autor do livro
que está lendo e eles se apaixonam. Se há afinidades intelectuais ou afetivas, pode dar samba. Você se considera amigo íntimo da pessoa sem conhecê-la.
FOLHA - O que as pessoas buscam
quando blogam ou lêem blogs?
SCHITTINE - Nada melhor que
encontrar semelhantes, acordar e saber que há outros passando pelo que estamos passando e que não somos loucos.
Texto Anterior: A festa não tem hora para acabar Próximo Texto: Reportagem de capa: Hospedeiros concentram tráfego on-line Índice
|