São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

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Leitor de blogs é "madrasta", diz pesquisadora da blogosfera

DA REPORTAGEM LOCAL

Na opinião da jornalista Denise Schittine, autora de "Comunicação e Escrita Íntima na Internet" (ed. Civilização Brasileira), são os leitores que determinam o sucesso ou o fracasso de uma página pessoal. De Portugal, onde vive, a autora conversou com a Folha sobre blogs e sua audiência. (MB)

 

FOLHA - De que forma os leitores participam do blog?
DENISE SCHITTINE
- Os blogs são uma escrita em aberto, em que outros participam, além do autor. Os comentários dos leitores fazem com que os posts sejam reescritos, em um sistema de retroalimentação e de diálogo. É possível saber o que o leitor pensa segundos depois. É genial ver as pessoas dando a cara para bater.

FOLHA - Essa troca interfere no sucesso do site?
SCHITTINE
- Leitor é madrasta. É ele quem determina a liberdade do autor. Blog mal escrito morre mesmo.

FOLHA - Os blogs ainda são considerados uma escrita inferior?
SCHITTINE
- O preconceito está caindo. Os jornalistas deixaram de ter e, aos poucos, escritores estão deixando. Até porque muitos blogueiros escrevem livros e usam o site como fundo de quintal, oficina de texto.

FOLHA - Você já blogou?
SCHITTINE
- Sim, mas apenas para pesquisa. Se você não bloga, não entra nesse mundo.

FOLHA - Como foi a experiência?
SCHITTINE
- Eu decidi blogar como um homem. Com a minha personalidade, mas como se fosse um homem. Fiz o maior sucesso com as mulheres.

FOLHA - É comum que leitores e autores se apaixonem?
SCHITTINE
- Blog não é programa de relacionamento, mas isso acontece. É como no filme "Nunca Te Vi, Sempre Te Amei", em que a leitora se corresponde com o autor do livro que está lendo e eles se apaixonam. Se há afinidades intelectuais ou afetivas, pode dar samba. Você se considera amigo íntimo da pessoa sem conhecê-la.

FOLHA - O que as pessoas buscam quando blogam ou lêem blogs?
SCHITTINE
- Nada melhor que encontrar semelhantes, acordar e saber que há outros passando pelo que estamos passando e que não somos loucos.


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